126 | I Série - Número: 020 | 29 de Novembro de 2008
E mais: o salário mínimo aumenta 6%, para 450 euros. Foi este aumento de 25 euros que a líder do PSD considerou «roçar o nível da irresponsabilidade».
Aplausos do PS.
Estas palavras mostram, na sua impiedosa ironia, a importância que o PSD de Ferreira Leite verdadeiramente atribui ao combate à pobreza e à desigualdade de rendimentos. Pois, como se sabe, e ao contrário de outros países, ter emprego não garante em Portugal, só por si, que se esteja a salvo de situações de pobreza — daí o relevo particular do salário mínimo.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Alberto Martins (PS): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: O Estado social e o modelo social europeu são referentes matriciais do Partido Socialista.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Como se vê no Código do Trabalho!»
O Sr. Alberto Martins (PS): — Mas, se este é o nosso quadro de valores e de opções políticas, o maior partido da oposição tem-se mostrado, ao invés, defensor da inspiração neoliberal como alternativa de Governo.
Ora vejamos: na discussão do Orçamento para 2006, o PSD pretendia a «redefinição das funções do Estado».
O Sr. Afonso Candal (PS): — Ah, pois ç»!
O Sr. Alberto Martins (PS): — Lembrou-se, depois, de despedir dezenas de milhares de funcionários públicos, usando indevidamente — foi desmentido pela Comissão Europeia — o dinheiro do QREN para financiar (veja-se lá!) as indemnizações.
O Sr. José Manuel Ribeiro (PSD): — Não percebeu nada!
O Sr. Alberto Martins (PS): — E quando o PSD quis privatizar parcialmente a Segurança Social, introduzindo um elemento de capitalização e emitindo dívida pública para financiar a transição, nós dissemos, desde logo, os riscos, que hoje são evidentes, dessa desgraçada medida se ela viesse a ser adoptada.
Aplausos do PS.
A crise financeira veio tornar claro o risco dessa enorme irresponsabilidade, pois fazia assentar parte das reformas dos portugueses num sistema privado de capitalização sem opção de escolha por parte do contribuinte.
Mas, ao apresentar-se a sufrágio interno, Ferreira Leite explicou que serviços públicos podem ser entregues á gestão e exploração privada:»
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Coisa que o PS «nunca fez«!»
O Sr. Alberto Martins (PS): — » «Em princípio todos, á excepção das verdadeiras funções de defesa de soberania — a defesa, a segurança, a justiça e os negócios estrangeiros. Esses penso que não podem ser entregues a nenhuma gestão e exploração privada. Todos os outros evidentemente podem.» Ou seja, o objectivo estratégico do PSD — e soubemo-lo», e temos dificuldade em saber quais são os objectivos estratégicos do PSD — é a pura e simples privatização da educação, da saúde e da segurança social.