24 | I Série - Número: 037 | 23 de Janeiro de 2009
No que se refere à sua intervenção, queria ressaltar, em primeiro lugar, a definição do CDS feita pelo Sr. Deputado: é um partido não socialista — ora, aí está! —, querendo dizer, se entendi bem, que é um partido que quer diferenciar-se do Partido Socialista, que está no Governo, e da sua governação. Penso ter entendido bem.
O problema é que esta definição denuncia bem o que é a política, não do CDS, que é a habitual, mas do Partido Socialista.
Quando os partidos à direita já só têm, como campo para se diferenciarem, não as políticas seguidas na maior parte dos casos mas dizerem-se não socialistas, provavelmente, não estamos a definir bem a linha política ideológica do CDS mas estamos a definir na perfeição aquilo que é a política do Partido Socialista, uma política de direita, como o Sr. Deputado bem sabe.
Queria referir apenas um aspecto da moção vencedora do Congresso do CDS-PP que, nos tempos que correm, penso que vem muito propósito — enfim, estive a dar uma vista de olhos, para esta intervenção» Refiro-me à questão da conciliação entre a profissão e a família. Há propostas que lá fazem que merecem certamente discussão, mas é extraordinário, Sr. Deputado, que o aspecto essencial da conciliação entre a profissão e a família são os direitos dos trabalhadores face ao seu patrão e à entidade empregadora e, ontem, votámos, aqui, uma série de alterações que visavam em boa parte proteger o trabalhador, para não estar à mercê de horários selvagens, não estar à mercê de ter de se submeter a tudo porque se não «vai para a rua» e é despedido, e o CDS-PP não apoiou essas propostas do PCP!....
A postura do CDS-PP não é, de facto, de apoio à conciliação, porque quanto mais se diminuem os direitos dos trabalhadores menos possível é a conciliação entre a sua vida profissional e a sua vida familiar, e sobre isso não encontrámos rasto na moção de estratégia do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Teixeira de Melo.
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Bernardino Soares, quem temeu pelo «coração apertado» fui eu, mas, pela sua expressão, vejo que não tenho razão para ficar muito preocupado, nem sequer quando fala de coligações.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Não ia propor uma coligação!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — É porque, para falar de coligações, teríamos de começar por aquela que tem bem próximo, na sua bancada»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Mas esta é assumida!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Mas não queremos ir por aí, pois pensamos que não é propriamente a questão mais relevante do regime. Nem sequer nos interessa falar — não é porque tivéssemos qualquer problema nisso — da insinuação que fez ao queijo, que, parece-me, não se fabrica em Santarçm»
Risos do CDS-PP.
A esse propósito, o Sr. Deputado tambçm teria bem perto qualquer coisa para dizer»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Olhe que o senhor sobre isso deve ter muito para falar! Fabrica-se no Porto, não?!...
Risos do PCP.
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Quanto ao Congresso do CDS, Sr. Deputado, ainda bem que leu a moção, fez muito bem e pode até ser que aprenda qualquer coisa. Não tenho é qualquer ilusão quanto