25 | I Série - Número: 037 | 23 de Janeiro de 2009
àquilo que pode nela ter como bom, porque, em boa verdade, temos um PCP que ainda não ultrapassou aquele binómio da luta de classes que a História já demonstrou suficientemente não fazer qualquer sentido.
Temos um Partido Comunista Português que continua a insistir na vontade de ter empresas que criem trabalho mas sem patrões, porque são a materialização de todo o mal. Não faz sentido!! Acreditamos nas empresas como realidades onde patrões e trabalhadores estão do mesmo lado, onde uns e outros percebem que a riqueza criada é para vantagem deles e do País.
Neste partido, não beneficiamos em nada, nem queremos, com a instabilidade social, com o aumento do desemprego, com aquilo que, sendo razão de agravo de quem trabalha, possa fazer crescer o partido! A sedimentação das nossas empresas, a riqueza das nossas empresas, o sucesso e a produtividade das nossas empresas são bons para os trabalhadores, para as entidades patronais e para o País.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — À custa de quem?!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Não queremos ganhar nem invocar a crise para benefício do que seja. E o que me alarma, isso, sim, é que, na expressão desse velho binómio da luta de classes, não haja, nessa bancada, um espacinho para perceber a importância da compatibilização, nos tempos que vivemos, da família e do trabalho.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Porque nem só, Sr. Deputado, na rudeza da invocação do trabalho à antiga no discurso comunista se reflectem as exigências do trabalho dos tempos que correm. Hoje em dia, quando essa realidade do trabalho mudou, há muito quem queira ter família, mas não a possa conciliar com o emprego.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E o senhor acha bem?
O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Acho mal! Sabe, Sr. Deputado: faça uma pesquisa sobre as iniciativas de protecção à família que este Parlamento regista e verificará na grande parte delas os direitos de autor do CDS-PP e em muito poucas os do PCP!
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Nuno Melo, gostaria, em nome do Bloco de Esquerda, de saudar a realização do Congresso do CDS, os seus órgãos eleitos e o presidente do CDS-PP, já anteriormente eleito em eleições directas.
Neste ensejo, gostaria de dirigir duas notas ao CDS-PP.
Uma delas tem a ver com o facto de, neste debate, me ter sentido reconfortado na posição do Dr. Ribeiro e Castro: a política de imigração do CDS-PP paredes-meias com a política de segurança é de extrema-direita, é securitária, enfim, é xenófoba. Não diríamos melhor! Dissemo-lo aqui em diversos debates parlamentares.
Quase me senti ultrapassado pela esquerda perante essa posição do ex-líder do CDS-PP e actual eurodeputado.
Uma segunda nota tem a ver com a forma, que pensamos ser gentil, com que o CDS-PP invocou, embora em vão, o Bloco de Esquerda no seu Congresso, sempre com um objectivo, que, aliás, foi hoje reiterado pelo Sr. Deputado. É que o CDS-PP quer ser útil à governação desde que Satanás, desde que Belzebu» — abrenõncio se o Bloco de Esquerda tem alguma coisa a ver com isso!» —, eles aí estão disponíveis para o Partido Socialista! Foi uma forma gentil de invocarem o Bloco de Esquerda no vosso Congresso. Só posso agradecer a deferência.
Aplausos do BE.