12 | I Série - Número: 047 | 19 de Fevereiro de 2009
O Governo tem dito que não há mais medidas. Ora, nesta primeira intervenção, demonstrarei que há mais medidas.
Como é possível dizer que nada mais se deve fazer quando, este ano, é possível baixar o pagamento por conta e o pagamento especial por conta? Na verdade, trata-se de impostos que presumem lucros, lucros que as pequenas e médias empresas não vão ter, pelo que esse imposto, este ano, constitui uma agressão à tesouraria das empresas! Como é possível dizer que nada mais se pode fazer quando é possível fazer a devolução mensal do IVA, como já se pratica em Espanha, e isso significa uma enorme ajuda à tesouraria das pequenas e médias empresas? Como é possível dizer que nada mais é necessário fazer quando é urgente permitir a compensação de créditos? É porque se o Estado deve, nomeadamente, IVA a uma empresa, é profundamente injusto que essa empresa não possa compensar o IVA que lhe devem com a próxima prestação fiscal ou com os incumprimentos em que incorreu em relação à segurança social.
Como é possível dizer que nada mais é necessário fazer quando se deve dar uma condição de preferência às pequenas e médias empresas nos contratos de fornecimento do Estado, a nível autárquico, regional ou central? Por exemplo, em fornecimentos até 75 000 € ou atç 100 000 €, em igualdade de circunstàncias, essas oportunidades de negócio devem poder ir para as pequenas e médias empresas.
Como é possível dizer que nada mais é preciso fazer quando é necessário e absolutamente urgente uma quarta linha de crédito que permita às empresas reestruturarem as suas dívidas? Só nestes exemplos indiquei-vos um caminho diferente do do Governo, que permite salvar empresas viáveis e a maioria dos empregos nas empresas viáveis, num ano especialmente difícil.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — E, em relação ao desemprego, como pode considerar-se «animador» que o desemprego esteja no valor em que está se o Estado, por exemplo, não é obrigado, e devia ser, quando contrata um quadro, a contactar todos os jovens licenciados com essas habilitações, que estão inscritos nos centros de emprego da região pertinente? Como é possível dizer que é «animadora» uma situação de desemprego quando o Governo não tem a obrigação, quando faz injecção de capital numa empresa em concreto, de negociar uma contrapartida firme para a manutenção do emprego? Como é possível, Sr. Ministro — e chamo a sua atenção particularmente para esta situação, se porventura quiser ouvir o que diz a oposição de direita» —, que o Governo mantenha a taxa social única com mais 3% em relação ao que o empregador já paga, nos casos em que essa empresa contrate a termo? Sr. Ministro, contratar a termo neste momento é melhor do que ir para o desemprego!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — A opção não é entre emprego a termo e emprego definitivo; é entre um posto de trabalho, mesmo que a termo, e o desemprego. Por isso, encarecer a contratação a termo numa situação de recessão é errado.
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Paulo Portas (CDS-PP): — Sr. Presidente, termino, como me pediu, dizendo que é absolutamente possível, absolutamente necessário e absolutamente decisivo fazer mais, fazer melhor e fazer diferente, em relação à situação económica e social que o País vive.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Manuel Alegre): — Tem a palavra o Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares.