26 | I Série - Número: 079 | 14 de Maio de 2009
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — O senhor é que insinua!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Então, seja: não fica insinuado.
Direi o seguinte: pode não ser essa a vossa intenção, mas esse é o resultado que tem. Para quem ouve o resultado é: se calhar, eles não são culpados! É a sociedade! São as «margem que o comprimem»! — como ouvimos no poema de Brecht. Não, Sr. Deputado, desculpe! Eu não acredito nisso! O que nós devemos fazer neste momento é apoiar a polícia em acções de firmeza no combate à delinquência. Não há qualquer justificação social para quem dispara sobre a polícia.
Aplausos do PS.
Sr. Deputado, se estamos de acordo com isto, fiquemos de acordo e passemos a outros assuntos.
Eu posso discutir — e tenho o maior gosto em fazê-lo consigo — problemas sociais e, quanto a isso, quero recordar-lhe o seguinte: nunca, como agora, houve tantas políticas sociais no nosso País! Nunca, como agora, houve tanto dinheiro afecto a políticas sociais! Pela primeira vez, este ano, em 2009, temos o valor mais alto de sempre: 1700 milhões de euros para políticas sociais.
O Sr. Deputado sabe o que aconteceu na acção social escolar, o que aconteceu no abono de família, o que aconteceu com o complemento solidário para idosos. Sr. Deputado, desculpe, mas acho que os portugueses são capazes também de olhar para o seu Estado e dizer que o Estado tem feito progressos neste domínio da política social. Terá resolvido todos os problemas? Com certeza que não! Mas temos feito progressos, e isso é absolutamente indispensável que também seja sublinhado.
Eu tenho a maior consideração por todos aqueles que dão o seu melhor e chamam a atenção da sociedade para os problemas de injustiça, de falta de solidariedade, para os problemas da miséria na nossa sociedade, como é o caso do antigo Bispo de Setúbal, invocado pelo Deputado Francisco Louçã, que oiço sempre com atenção,»
Vozes do PCP: — Parece que não!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » não apenas agora mas desde sempre.
Agora, o problema, Sr. Deputado, é que naquele momento em que houve disparos sobre a esquadra da polícia, o meu dever é apoiar os polícias a restaurar a liberdade e a impor a lei, porque eu sou dos que acreditam nisso, Sr. Deputado. Só a lei dá liberdade! É por isso que acho que, naquele momento, o meu dever era dar uma palavra de confiança e de firmeza no apoio à polícia para restaurar a liberdade dos portugueses naquele bairro.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, já que estamos no plano das intenções, eu acho que está mal intencionado, porque, de facto, aquilo que fez foi um pouco o «copianço» da tese do Sr. Deputado Paulo Portas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ora, nós consideramos que é fundamental, com o aumento da criminalidade organizada e violenta, que as forças policiais, as forças de segurança, desempenhem o seu papel. Mas não reduza tudo isso a uma questão de polícia! E quanto ao apoio às polícias, de que aqui fez uma veemente declaração, eu acho que foi coisa que não deu, designadamente no que se refere à pergunta que lhe coloquei: porque não concretizou a verba orçamentada para investimento nas forças de segurança?