42 | I Série - Número: 099 | 3 de Julho de 2009
O Sr. Primeiro-Ministro: — Bem sei que aquilo que os senhores querem é que não se ouça o que digo, mas irá ouvir-se.
Como estava a dizer, os dados indicam que, entre 2005 e 2007, Portugal baixou 2 pontos na taxa de pobreza, o que significa muito. Dir-me-ão: qual é a média europeia? A taxa de 18% representa muito ou pouco? A média da taxa de pobreza na União Europeia é de 16% e nós estamos, portanto, a convergir para essa taxa de pobreza.
Diz-me o Sr. Deputado, com o seu rigor, porque o Sr. Deputado só fala de cátedra: «E as desigualdades, meu Deus?! Consolidaram nas desigualdades!». Ó Sr. Deputado, mais uma vez, entre 2005 e 2007, as desigualdades, medidas pela comparação entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres, baixaram de 6,9% para 6,5%!...
Portanto, o Sr. Deputado pretendeu levar ao engano...
Protestos do BE.
... todos os Srs. Deputados e aqueles que o ouviram.
Protestos do BE.
Chama a isso rigor, Sr. Deputado?! Chama a isso rigor?! Chamo-lhe tudo menos rigor!
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E lamento muito, porque o Sr. Deputado quis aqui fazer uma caricatura. Disse o Sr. Deputado: «o Governo apresenta-se aqui satisfeito consigo próprio e satisfeito com o País».
O Sr. Francisco Louçã (BE): — «Contente» foi a sua expressão!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Como é possível que se possa afirmar isso, se começo o meu discurso justamente pelas dificuldades e por aquilo que o mundo está a viver?! Comecei o meu discurso assim — ouçam bem, Srs. Deputados: «O Parlamento é chamado a debater o estado da Nação numa altura em que o mundo vive a maior crise económica desde a II Guerra Mundial.». O Sr. Deputado Francisco Louçã acha que eu estou contente!» Não, Sr. Deputado, não estou contente, estou confiante! Tenho confiança em mim e nas políticas do Governo! O meu dever é enfrentar as dificuldades! Quando nós definimos esses dois objectivos que o Sr. Deputado refere, classificando-os como promessas,»
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Não eram?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » que são coisas muito diferentes, como o Sr. Deputado sabe, pois são dois objectivos de política económica,»
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Falhados, então?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » o Sr. Deputado fá-lo com muita desonestidade, desculpe que lhe diga, porque eram dois objectivos de política económica que estávamos a cumprir.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Cartazes de campanha não são promessas?!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E o Sr. Deputado, que sabe o suficiente disto para ter um debate com seriedade, pretende que o Governo deveria ter um crescimento económico de 3% e criar 150 000 empregos no mesmo ano em que o mundo está a viver a maior crise económica dos últimos 80 anos. A economia europeia está a cair 4% e o Sr. Deputado exige do Governo um crescimento de 3%?! O Sr. Deputado chama a