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33 | I Série - Número: 015 | 16 de Outubro de 2010

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, não tenho a certeza de que a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia tenha percebido bem a situação em que Portugal está,»

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Percebi, percebi!

O Sr. Primeiro-Ministro: — » porque, se tivesse percebido, não acredito que quisesse valorizar a ideia de que podemos vir a ter uma crise política.
Não faço nenhuma declaração — para além daquela que fiz e mantenho — que contribua para esse clima de crise, porque não quero juntar-me aos que, de forma irresponsável, penso, lançaram o discurso da guerra política, da crise política, da ausência de cooperação, logo em Agosto. Considero que isso é negativo para o País e julgo que só essa ideia de crise política nos prejudica. Somar uma crise política à crise económica é tudo menos o que País precisa. É por isso que todas as minhas declarações vão no sentido de um apelo à responsabilidade e a que, em particular o maior partido da oposição, pare com as incertezas, pare com o tabu e, de uma vez por todas, diga qual é a sua posição quanto ao Orçamento.
Foi também por isso que decidi antecipar as medidas do Orçamento do Estado. Essa antecipação teve a ver com a necessidade que temos de responder à situação o mais rápido possível.
Por isso, Sr.ª Deputada, a única coisa que tenho para lhe dizer a propósito da sua pergunta é o seguinte: não sou dos que viram a cara, não sou dos que se vão embora. Sou dos que, em face das dificuldades, lutam.
Luto pelo meu País e enfrento as dificuldades.
Bem sei que este é, porventura, o período da governação mais difícil das últimas décadas, mas cá estamos para, com coragem, com determinação e com exigência, servir Portugal e servir os portugueses. Afinal de contas, é esse o nosso dever. E se todos pensarmos nisto tenho a certeza que o País encontrará boas soluções para os seus problemas.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, se pensa assim, perguntolhe por que é que o membro do Governo que está sentado ao seu lado fez declarações públicas sobre a abertura dessa eventual crise política. De acordo com o seu raciocínio, Sr. Primeiro-Ministro, veja bem o que é que fez ao País! De acordo com o seu raciocínio, veja bem a porta que abriu no País! Sr. Primeiro-Ministro, a irresponsabilidade está na apresentação deste Orçamento do Estado e a responsabilidade de todos os partidos que aqui estão sentados e que têm, de facto, um olhar real sobre o País é a de chumbar este Orçamento do Estado! Os Verdes apelam ao chumbo literal deste Orçamento do Estado, porque o Governo tem de apresentar outras soluções para o País. Considera responsabilidade afundar a economia?! É essa a sua responsabilidade? Aumentar o desemprego?! Ainda nos lembramos dos dias em que o Sr. Primeiro-Ministro chegava à Assembleia da República e dizia que o objectivo central do Governo era o desemprego. Não, não era! Era outra coisa também começada pela letra d, mas por outro d: o de défice. Foi sempre essa a sua obsessão! As pessoas não valem para si, Sr. Primeiro-Ministro, e isso não vale na política!

Protestos do PS.

O Sr. Primeiro-Ministro é tão exímio em atacar as pessoas, designadamente as mais fracas economicamente, mas anunciou uma maior contribuição, um novo imposto sobre a banca. Ora bem, imediatamente no dia em que fez esse anúncio, vieram os Srs. Banqueiros dizer o seguinte: «Andamos tão mal com esta crise» Isto ç tão complicado para nós» Não vamos pagar nada! Isto vai repercutir-se sobre os nossos clientes!» É engraçado, mas não ouvi o Sr. Primeiro-Ministro nem nenhum membro do Governo responder a estes senhores e a estas inqualificáveis declarações. Mas queremos que o Sr. Primeiro-Ministro e o Governo respondam a esta ameaça dos Srs. Banqueiros.