16 | I Série - Número: 062 | 11 de Março de 2011
porque assim o sabemos da realidade dos factos — que será de 800 000 o número de desempregados e de subemprego visível — 800 000! Nunca se chegou a um nível destes! Mas, para eles, o Sr. Primeiro-Ministro vem falar de ideologia. Eles sabem que o «quanto pior, melhor» é a política que o Governo tem aplicado.
Por isso, respondo-lhe ao radicalismo: radical é esta política que está a destruir a capacidade de criar esperança, oportunidades, democracia e responsabilidade.
Aplausos do BE.
O PSD — notei-o — anunciou hoje o «esqueleto» das suas hipóteses para a próxima candidatura eleitoral.
E lá dizem que querem entregar os hospitais aos privados, as escolas ao «cheque-ensino» e, portanto, aos privados. Do que nós o acusamos, Sr. Primeiro-Ministro, é de já estar um passo à frente do PSD e de já estar a entregar todos os hospitais ao Grupo Mello, em Braga, ou ao Grupo Espírito-Santo, no Algarve. Do que nós o acusamos é de já estar a avançar na destruição do bem público, o que quer dizer desmantelar o Estado social.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Exactamente!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — E a pior das irresponsabilidades é desmantelar o Estado social.
Por isso, hoje, estamos aqui a discutir alternativas e o que a economia está a fazer.
Reparo que o Sr. Primeiro-Ministro — o PS diz que vai «convencer» a Sr.ª Merkel a ser parte da solução — esteve 43 minutos com a Sr.ª Merkel, em Berlim. E saiu de lá para juros a 8% nos empréstimos a 5 anos. O que seria se estivesse estado mais tempo com a Sr.ª Merkel?!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sim, Sr. Primeiro-Ministro, são necessárias respostas europeias, grandeza europeia, capacidade de alternativa. Mas elas têm de concentrar a economia naquilo que o senhor recusa: emprego, economia para o emprego, democracia para o emprego.
Mas, para si, esta questão não existe.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Francisco Louçã, reparei que o Sr. Deputado, quando lhe foram pedidas soluções, se foi abaixo, ficou calado, tendo considerado esse debate pouco sério.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Pouco sério é a palhaçada!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É pouco sério pedir soluções ao Bloco de Esquerda?! É pouco sério perguntar ao Bloco de Esquerda o que propõe?! É pouco sério que alguém se limite a dizer ao Bloco de Esquerda que não basta proclamar, não basta esbracejar, e que é preciso propor um caminho para o País?!
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Agora é tarde!
O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado acha que isso é pouco sério?! Sr. Deputado, o que é pouco sério é uma política conduzida assim. É a isso que chamo radicalismo, seguido por aqueles que pouco se interessam por alternativas ou por soluções e que se limitam a fazer tudo o que está ao seu alcance para criar instabilidade, para atacar os outros e para ter, com espírito sectário, uma linha política que se limita a destruir.
É a isso que chamo radicalismo, Sr. Deputado.