O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 11

60

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isto não é «gordura» mas um pedaço de «toucinho»!

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Paulo Sá.

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados: O Conselho de

Finanças Públicas, não sendo uma entidade com competências na definição da política orçamental, teria

apenas como missão produzir análises e relatórios técnicos sobre a consistência, cumprimento e

sustentabilidade da política orçamental.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Exactamente!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — No entanto, se assim fosse, tal Conselho seria perfeitamente desnecessário, por

já existirem diversas entidades com funções de controlo e análise orçamental, nomeadamente o Tribunal de

Contas, que tem jurisdição e poderes de controlo financeiro sobre o Estado, as regiões autónomas e as

autarquias locais, além de empresas, institutos e associações públicas, e ainda o Banco de Portugal, que

publica com regularidade estudos económicos em múltiplas áreas, em particular na área da política

orçamental.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Exactamente!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Acresce a estas entidades a própria UTAO — Unidade Técnica de Apoio

Orçamental, a funcionar junto da Assembleia da República.

Os relatórios técnicos, análises e estudos disponibilizados por estas entidades, que possuem corpos

técnicos qualificados, tornariam verdadeiramente desnecessária a criação do Conselho de Finanças Públicas.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exactamente!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Repito, se o objectivo fosse o de disponibilizar informação de carácter técnico

que permitisse o aprofundamento do debate democrático em torno das questões orçamentais.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Se fosse!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Contudo, o que se pretende com a criação do Conselho de Finanças Públicas

não é reforçar o debate democrático. Pelo contrário, o que se pretende é limitar esse debate, criando uma

entidade nomeada pelo Governo, alegadamente independente e isenta, que reforce a estratégia de imposição

do pensamento único neoliberal e a submissão das opções orçamentais de Portugal aos interesses

dominantes nacionais e europeus.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Bem visto!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — O que se pretende é a criação de uma entidade que condicione a capacidade de

intervenção política da Assembleia da República no domínio orçamental, patente, por exemplo, na exigência

estatutária de o Conselho produzir e divulgar relatórios sobre a proposta de Orçamento do Estado antes da

apreciação desta matéria na Assembleia da República ou, ainda, a de realização de conferências de imprensa

após as audições parlamentares.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Obrigatórias!

O Sr. Paulo Sá (PCP): — O que se pretende é a criação de uma entidade que, não tendo qualquer

legitimidade democrática, procurará impor, com os seus relatórios ideologicamente posicionados, escolhas

políticas que só aos portugueses e aos seus representantes democraticamente eleitos compete fazer.