I SÉRIE — NÚMERO 14
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nas instalações, nas condições de aprendizagem dos alunos; de cortes cegos na saúde, relativamente a
medicamentos e hospitalares; cortes cegos no número de funcionários públicos que o Governo, em todas
estas áreas, diz querer ir mais longe do que a tróica.
Por isso, percebemos que esta é a filosofia imperante do Governo: cortes cegos nos serviços públicos,
aumentos descarados nos impostos sobre os portugueses.
Isso leva a um cenário de desigualdade gritante. Muitas famílias dizem que não conseguem fazer frente às
dificuldades que o próprio Governo tem patrocinado. Tudo isto, inicialmente, em nome do Memorando que
tinha sido assinado, mas que agora se vê que vai muito para além disso e que está a fazer muito mal ao País.
Os próprios dados que o Ministro das Finanças apresentou ontem dão conta disso: recessão este ano,
recessão no próximo ano e só por fábula é que poderemos sair da recessão em 2013. Essa é a realidade e a
crueza dos números, esse é o resultado dos cortes das finanças públicas que o Governo tem promovido, este
é o corte nos direitos e nos serviços públicos que tanta falta fazem às pessoas.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Também para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Reis.
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, começo por lhe dizer que é
um prazer reeditar aqui hoje as discussões que tivemos na anterior Legislatura na Comissão de Economia,
desta feita num outro registo.
Lamento começar por lhe dizer que de toda a sua intervenção aquilo que retive foram meros sound bites e
slogans perfeitamente esgotados.
É sabido que vivemos tempos difíceis. Este Governo foi eleito numa coligação que deu vitória a dois
partidos,…
Vozes do PCP: — Não, não!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — … de resto uma vitória que se segue a uma campanha eleitoral em que não
houve promessas, ao contrário daquilo a que assistimos no passado.
Todos sabíamos dos tempos que vivíamos: a maior dívida pública dos últimos 160 anos, a maior taxa de
desemprego dos últimos 80 anos, ou seja, desde que há registos, um défice orçamental desequilibrado, fora
do controlo.
Voltando à questão da taxa de desemprego, deve dizer-se que só não era maior porque assistimos
também, no último ano, a um flagelo que é a segunda maior vaga de emigração de que há memória no nosso
país e que importa hoje aqui relembrar.
Mau grado toda essa conjuntura, mau grado o País estar a ser governado por um Governo que tem apenas
dois meses de mandato, VV. Ex.as
vêem aqui fazer uma crítica perfeitamente desajustada e que faz tábua rasa
daquilo que é um plano que resulta de um acordo que o Estado português subscreveu com entidades
financiadoras — com o FMI, com o Banco Central Europeu e com a Comissão Europeia — e que é
absolutamente essencial para o financiamento da economia. Recordo aqui, aliás, a frase do anterior Ministro
de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, que dizia não haver dinheiro para pagar salários e pensões a
partir de Junho.
Vozes do PSD: — Bem lembrado!
O Sr. Nuno Reis (PSD): — Era, portanto, um acordo absolutamente fundamental.
Lamento profundamente, em nome do meu grupo parlamentar, que V. Ex.ª, fazendo parte de um partido
que pura e simplesmente se recusou a negociar com a tróica, venha aqui colocar em causa um plano que é
absolutamente fundamental para a maior reforma estrutural que o nosso País já viu.
Aplausos do PSD.