I SÉRIE — NÚMERO 14
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Os Srs. Deputados estão, em regra, a ultrapassar em 50% o tempo disponível, pelo
que continuo a chamar a atenção para a auto-regulação do tempo. É muito melhor do que a heterorregulação
do tempo.
Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado João Pinho de Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, veio aqui
falar de um suposto aumento de impostos e de medidas de substancial austeridade anunciadas ontem. No
entanto, esgotou essas mesmas medidas nos primeiros 20 segundos da sua intervenção, o que diz muito
sobre o conteúdo da mesma.
Falou de um aumento de IVA, que é uma mera réplica do que está no Memorando de Entendimento —
ainda sem concretização, é verdade —,…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Três vezes mais!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — … e falou de pensões.
Sobre pensões, penso que li o mesmo documento que o Sr. Deputado, onde se diz que as pensões mais
baixas vão aumentar ao nível da inflação.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Exactamente!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Portanto, os dois argumentos que deu são muito fracos, o
que, aliás, se percebeu depois em toda a intervenção que fez.
Por outro lado, agarrando declarações desgarradas de responsáveis dos dois partidos que fazem agora
parte do Governo, tenta criar a teoria — que às vezes tem algum sucesso, é verdade —, de que, para este
Governo, o mundo terá mudado no dia das eleições.
Falando pelo CDS, tenho de lhe dizer uma coisa, Sr. Deputado: muitas vezes avisámos que, se não
evitássemos a situação de termos de recorrer a um pedido de ajuda externa — que, infelizmente, o governo do
Partido Socialista não conseguiu evitar —, íamos perder parte da nossa autonomia. Quantas vezes dissemos
aqui, na Assembleia, que estaríamos numa situação de protectorado e que isso nos tirava a capacidade de
podermos determinar as políticas para sair desta situação?
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Deputado, não foram as eleições que marcaram a diferença. Foi a situação limite a que chegámos e o
pedido de ajuda externa que tivemos de fazer. Nessa altura, apesar de, obviamente, nos custar a situação em
que estávamos, fomos dialogar com as instituições externas. Dissemos que havia coisas em que nos revíamos
e coisas com as quais não nos revíamos e, sobretudo, que teríamos de assumir, em nome de um
compromisso nacional, o cumprimento das medidas com as quais nos comprometíamos. Os senhores
abstraíram-se totalmente dessa discussão e nela não participaram.
O Sr. Deputado citou o presidente do meu partido. Nesta matéria, tenho todo o à-vontade para lhe dizer
que, se há coisa que o presidente do meu partido disse muitas vezes, desta bancada, relativamente ao
equilíbrio das contas públicas, foi que havia uma área essencial onde era preciso cortar: os consumos
intermédios. Quando apresentámos uma alternativa ao PEC 4, tínhamos uma proposta concreta que previa
um corte de 800 milhões de euros nos consumos intermédios.
Vozes do CDS-PP: — Bem lembrado!