12 DE ABRIL DE 2012
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O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, há dois dias, na passada segunda-feira, pôs
termo a uma enorme trapalhada, a uma grande salgalhada em que andaram entretidos o seu Secretário de
Estado e o Presidente da ARS de Lisboa, comunicando ao País aquilo que todos nós já tínhamos percebido:
que o Governo tinha decidido encerrar a Maternidade Alfredo da Costa.
O Sr. Ministro pôs termo à trapalhada, mas não deu um único argumento, uma só razão válida para essa
decisão de encerrar a Maternidade Alfredo da Costa. A razão invocada pelo Sr. Ministro é a de melhorar a
assistência às grávidas, melhorar a assistência no parto, melhorar a assistência aos recém-nascidos. Mas, Sr.
Ministro, tem de nos explicar como é que melhora tudo isso fechando, precisamente, a melhor maternidade de
Lisboa e do País. Como é que se melhoram os serviços, fechando a maior maternidade, a que mais partos faz,
a que mais partos de risco faz, a que assiste mais mulheres grávidas com doenças e patologias complexas, a
mais diferenciada e, sobretudo, aquela que é mais procurada e livremente escolhida pelas mulheres, pelos
pais e pelas famílias de Lisboa? Como é que o Sr. Ministro nos explica que fecha uma maternidade com estas
características, a melhor maternidade de Lisboa e com isso contribui para a melhoria dos serviços e da
qualidade desses serviços materno-infantis?
Diz o Sr. Ministro «vamos melhorar todas as outras maternidades e não desagregamos as equipas», mas
ao mesmo tempo promete distribuir os profissionais e as equipas por todos os outros serviços à volta de
Lisboa. E mais: demagogicamente, até alude à falta de obstetras que há em Faro e no Algarve, mas esquece-
se que em Faro e no Algarve também faltam anestesistas, também faltam ortopedistas, também faltam
cirurgiões.
Portanto, insisto na pergunta, Sr. Ministro: como é que vai melhorar os cuidados materno-infantis em
Lisboa, fechando a melhor maternidade de Lisboa?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Conceição Caldeira.
A Sr.ª Maria da Conceição Caldeira (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro, V. Ex.ª tem em mãos uma
tarefa muito difícil, que é a de reestruturar o Serviço Nacional de Saúde, tornando-o novamente sustentável e
suportável pelos nossos impostos, pois só assim poderão os portugueses continuar a beneficiar dos cuidados
de saúde acessíveis e de qualidade.
O aspeto nuclear dessa reestruturação é a futura carta hospitalar do Serviço Nacional de Saúde,
presentemente a ser ultimada por uma comissão técnica e pela Entidade Reguladora da Saúde, a qual
permitirá — estamos certos — adequar a rede hospitalar às necessidades das populações do País, bem como
às transformações ocorridas nas últimas décadas no que se refere à prestação de cuidados hospitalares.
Sr. Ministro, começo por lhe perguntar para quando prevê a divulgação pública da carta hospitalar.
Considerando o impacto que a rede hospitalar tem sobre a acessibilidade das populações aos cuidados de
saúde, pergunto-lhe também, Sr. Ministro, se o Governo prevê algum tipo de articulação ou participação das
autarquias locais no processo de reestruturação dessa rede em resultado da carta hospitalar que o Governo
receberá. Quer dizer, vai o Governo ouvir os municípios?
Sr. Ministro, como Deputada eleita pelo círculo de Lisboa, não posso, a respeito desta matéria, deixar ainda
de lhe colocar uma questão que tem que ver com a Maternidade Alfredo da Costa. Vale a pena começar por
lembrar que, na região de Lisboa, existem presentemente 16 maternidades, públicas e privadas…
Vozes do PSD: — Muito bem!
Protestos do PCP.
A Sr.ª Maria da Conceição Caldeira (PSD): — Sim, sim!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Já percebemos!