I SÉRIE — NÚMERO 94
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A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Mas devo dizer-lhe, Sr. Deputado, e sendo um político responsável,
que se queremos elevação no debate político temos de evitar duas armadilhas, sendo uma a de falar só de
lugares comuns. É que, Sr. Deputado, grande parte da sua intervenção consistiu em dizer que a política de
saúde deve estar no centro das nossas preocupações, que não há nada mais importante do que a saúde, que
cada euro investido na saúde é um euro investido numa sociedade mais saudável, mais apta, mais qualificada,
realidades que, convirá, todos nós partilhamos, mas aquilo que ouvimos menos foi o Sr. Deputado apresentar
alternativas!
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Outra armadilha que penso que devemos evitar, se queremos um
debate político com elevação, Sr. Deputado António Serrano, é incendiar ânimos e exaltar receios numa área
tão importante como é a da saúde.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Penso que não podemos, de forma alguma, exaltar esses ânimos,
sobretudo quando esses receios não são, nem pouco mais ou menos, fundados.
Gostaria de colocar-lhe cinco perguntas muito concretas que se prendem com aspetos que o Sr. Deputado
abordou na sua intervenção.
A primeira pergunta tem a ver com a questão da oncologia. O Sr. Deputado reconhece que há muito por
fazer, mas terá de reconhecer também que os senhores estiveram seis anos e meio no governo e que desde o
início do vosso governo existe uma rede de referenciação por aplicar. Mais: há dois anos atrás, foi aprovado,
nesta Câmara, com os vossos votos contra, como sempre, um plano com vista a uma nova abordagem da
oncologia. Ora, os senhores nada fizeram, nem um sistema de rastreios sistemáticos de base populacional,
nem uma nova rede de referenciação a ser aplicada, nem em relação à articulação, como disse tão bem, entre
os centros de excelência e os centros de proximidade, que vinha previsto no projeto que foi aprovado contra a
vossa vontade e que o senhor agora vem reclamar.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Segunda questão: apesar de ter sido aprovada uma iniciativa, mais
uma vez contra a vossa vontade, relativamente à questão das demências, em particular da doença de
Alzheimer, os senhores nada fizeram. Nem sequer procederam ao levantamento daquela realidade em
Portugal.
Em terceiro lugar, porque é que os senhores deixaram acumular 2,5 milhões de euros em dívidas a
fornecedores, nomeadamente à indústria farmacêutica?
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Termino já, Sr.ª Presidente.
Sr. Deputado António Serrano, o senhor sabe que um Estado sobre endividado é um Estado capturado em
relação aos seus credores. Porque é que os senhores deixaram acumular uma dívida de 2,5 milhões de euros,
que este Governo tem agora de pagar?
Concluo, Sr.ª Presidente, perguntando o seguinte: o Sr. Deputado queixou-se de uma lógica hospitalo-
cêntrica do nosso sistema de saúde. Porque é que os senhores deixaram que existisse uma enorme carência
de profissionais em medicina geral e familiar?
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Porque é que os senhores nada fizeram para inverter essa situação?
Concluo, Sr.ª Presidente, agradecendo ao Sr. Deputado que responda a estas perguntas muito concretas.