24 DE MAIO DE 2012
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Os resultados da política de austeridade a qualquer preço, que o atual Governo tem posto em prática,
estão à vista.
O Conselho das Finanças Públicas considerou otimistas as projeções do Governo e arrasou a estratégia
focada na austeridade, no excesso de pressão fiscal e na ausência de estímulos ao investimento e ao
consumo interno.
Ontem mesmo a OCDE confirmou o que todos suspeitávamos. Este caminho não nos leva ao crescimento
e ao emprego. Segundo a OCDE, o produto interno produto cairá este ano 3,4% e continuará a cair em 2013.
Este ano, o desemprego ficará acima dos 15% e, em 2013, ultrapassará a barreira dos 16%.
Por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, que mais será necessário para o Governo concluir que escolheu o
caminho errado para aplicar o Memorando e assegurar o cumprimento das metas de consolidação que o País
assumiu?
Aplausos do PS.
Queria dizer-vos, em nome da bancada do Partido Socialista, que, neste momento, não enumeramos estes
dados com nenhuma satisfação. Fazemos esta enumeração com consternação, porque eles significam
sofrimento para muitas famílias portuguesas e geram um horizonte de desesperança que não podemos aceitar
de braços caídos.
Há muitos meses que o Partido Socialista vem alertando o Governo para a necessidade de seguir outro
caminho.
Fomos os primeiros a dizê-lo, mas hoje quase todos o repetem, do G8 à Comissão Europeia, do Presidente
do Conselho Europeu ao Presidente da República Portuguesa.
Por obsessão do Governo português, fomos, com todos sabem, desnecessariamente precoces na
ratificação do Tratado Orçamental.
Poderíamos, pelo menos, ter aproveitado esse facto para sermos pioneiros na adoção de um mandato ao
Governo português para se bater por um ato adicional ao Tratado que é fundamental para viabilizar políticas
europeias e nacionais de crescimento e emprego.
Não o fizemos, não aprovámos esse ato adicional, por obstinação da maioria.
Mas esse ato adicional é, agora, mais importante do que nunca. Portugal, sendo um dos países que mais
pode beneficiar das medidas nele incluídas, não pode, em nome de qualquer fundamentalismo ideológico ou
austeridade regeneradora, ficar de fora desta oportunidade.
Aplausos do PS.
Fazê-lo seria uma traição às empresas e às famílias, seria uma traição aos jovens e aos desempregados,
seria uma traição ao futuro do País.
A resolução que hoje voltamos a apresentar constitui, por isso, Sr.as
e Srs. Deputados, uma segunda
oportunidade para que a Assembleia da República, e em particular a maioria que suporta o Governo, possa
acertar o passo com a história e retomar o caminho do consenso europeu num trilho de crescimento, emprego
e desenvolvimento sustentável e solidário.
Aplausos do PS.
Hoje mesmo, reúne-se, em Bruxelas, o Conselho Europeu para debater medidas de crescimento e de
emprego.
Sr.as
e Srs. Deputados, a decisão que hoje aqui for tomada tem de ser absolutamente clara.
A questão é muito clara: quer esta Assembleia criar novas condições para o crescimento e o emprego,
aprovando a resolução que recomenda ao Governo que proponha e apoie medidas de natureza institucional e
políticas que vinculem juridicamente os Estados-membros da União Europeia e conformem uma agenda de
crescimento e de criação de emprego na União Europeia? Ou, pelo contrário, quer esta Assembleia prosseguir
o caminho que nos conduziu aos resultados que, de forma sintética, enumerei no início da minha intervenção?