I SÉRIE — NÚMERO 125
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O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Uma política que visa acentuar a elitização do ensino, de forma a
garantir mão-de-obra barata para a exploração e a reservar os graus mais elevados de ensino apenas para
quem tem condições socioeconómicas privilegiadas.
Continua a limitar-se o acesso às prestações sociais, num momento em que se devia alargá-lo, tendo em
conta a difícil situação económica e social que vivemos.
Continua o ataque às pensões e reformas e a manutenção da sua maioria abaixo do limiar de pobreza.
Continua o ataque aos serviços públicos, como no encerramento de tribunais e de diversas repartições
públicas.
São razões mais do que suficientes para censurar este Governo e esta política!
Aplausos do PCP.
A publicação dos dados da execução orçamental veio mais uma vez confirmar que, com tão profunda
recessão económica, não há maneira de se atingirem os absurdos e delirantes objetivos de diminuição do
défice orçamental assumidos pelo Governo. Não defendemos uma política de permanente agravamento do
défice orçamental, mas não se pode sacrificar a economia ao défice. O que é preciso é conter o défice com o
crescimento económico, com a criação de mais riqueza.
O Governo quer fazer ao contrário: reduzir o défice cortando na despesa e aumentando os impostos. Só
que o corte na despesa, no investimento e nos salários, nas pensões e nas reformas fomenta a recessão e
diminui a receita do Estado. E se o Governo insiste nesta política, precisa de dizer aos portugueses onde vai
dar novo corte nos seus rendimentos e nos seus direitos.
Aplausos do PCP.
O mesmo se diga em relação à dívida pública. É que ela está a crescer e vai continuar a crescer, tal como
o serviço da dívida, esgotando recursos indispensáveis para o crescimento económico e para acudir à
situação social. E é evidente que, continuando a deixar o País, no quadro da União Económica e Monetária,
dependente dos mercados financeiros e da sua especulação, a situação em 2014 não será muito diferente da
que tínhamos em 2010, no que diz respeito ao financiamento do Estado.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É evidente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É hoje evidente para todos que, sem a renegociação da dívida — nos
seus prazos, taxas e montantes —, o pacto de agressão, assinado com a troica por PS, PSD e CDS, vai levar
não ao não pagamento mas à conclusão de que não podemos pagar e à tentativa de imposição de um novo
programa contra o País e os portugueses. A dívida pública só poderá ser paga se houver crescimento
económico.
Mas esta moção de censura exprime também um profundo sentimento de rejeição e indignação com a
continuada política de favorecimento da banca e dos grandes grupos económicos. Os principais responsáveis
pela crise, que aumentam os seus lucros à custa da economia nacional, que esmagam os setores produtivos,
são os que continuam a embolsar milhares de milhões de euros à custa do País.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Censuramos o Governo e a sua política porque não podemos aceitar
que os mesmos de sempre continuem a enriquecer e a concentrar a riqueza à custa dos trabalhadores e do
povo português.
Esta moção de censura, que dá expressão à inequívoca censura popular que encontramos por todo o País,
é uma moção contra a política de direita e o Governo que a aplica.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!