I SÉRIE — NÚMERO 125
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escrutínio democrático, à transparência pública e à responsabilização política como valores políticos
fundamentais numa democracia constitucional.
Mais do que isso, desde o primeiro momento, é nossa convicção de que a sociedade portuguesa, como um
todo, exige que se dê um salto qualitativo nas nossas práticas políticas para aprofundarmos e modernizarmos
a nossa democracia.
Foi, por isso, que quisemos instituir novos padrões de exigência na conduta dos políticos e dos titulares de
cargos públicos,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Isso deve ser com a nomeação do Arnaut!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — … na transparência no exercício do poder político democrático, no combate
aos abusos e aos desregramentos.
Com este registo, é com toda a serenidade que o Governo vem agora responder à moção de censura de
iniciativa do Partido Comunista.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Do Partido Comunista Português! Do Partido Comunista Português!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas é preciso responder com a firmeza dos princípios, que são os nossos, e
com a coerência do programa, que é o nosso.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Os protestos do PCP não trazem novidades. No fundo, correspondem à
tentativa de afirmar um projeto político radical, não sintonizado com a realidade mais elementar das coisas e
que, além disso, nunca foi vindicado nas urnas pelo povo soberano.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Estes são factos que é conveniente não esquecer numa sociedade democrática como a nossa.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Trata-se, portanto, mais do que uma moção de censura ao Governo, de uma
moção de censura ao mundo, uma moção de censura à realidade.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Vocês enganaram o povo! Enganaram o povo com o corte dos
subsídios!… Enganaram! Não informaram que iam fazer cortes…! Vocês não falam verdade!…
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, talvez queira conceder um pouco mais de tempo ao Sr.
Deputado Jerónimo de Sousa para que ele possa prolongar a sua intervenção de moção de censura ao
Governo.
Cederei com gosto a minha posição aqui para que o Sr. Deputado possa vir prolongar a sua intervenção.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Tem de ouvir e é a tarde toda!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Bom, não sendo esse o caso, se a Sr.ª Presidente me permite, vou prosseguir.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Fale é verdade! Fale é verdade!
A Sr.ª Presidente: — Queria continuar, Sr. Primeiro-Ministro.