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26 DE JUNHO DE 2012

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O Sr. Primeiro-Ministro: — Trata-se, portanto, mais do que uma moção de censura ao Governo, de uma

moção de censura ao mundo e de uma moção de censura à realidade.

Mas o ponto central da minha resposta à moção de censura não é este. As vítimas desta crise, o modo

como ela afeta os grupos mais vulneráveis da nossa sociedade, os sacrifícios que a generalidade dos

portugueses está a fazer para superarmos as nossas dificuldades, estão no centro das minhas preocupações

e das preocupações de cada um dos meus ministros.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Oh!…

O Sr. Primeiro-Ministro: — E essa centralidade fica demonstrada pelo facto essencial que nos separa da

moção de censura do PCP: enquanto o PCP protesta contra os sintomas da crise, recusa-se, ao mesmo

tempo, a atacar a sua raiz.

O Sr. Luís Menezes (PSD): — Essa é que é a verdade!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O PCP protesta contra os efeitos da crise, algo que eu nunca poderia

censurar. Aliás, julgo que não existirá um único responsável político que não se preocupe com os efeitos desta

crise.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Além disso, todos os partidos políticos têm uma função básica de

representação do povo português e devem representá-lo em todos os momentos e nas suas múltiplas

dimensões.

Mas o Governo não se limita a manifestar preocupações ou a apresentar propostas contra os efeitos da

crise; a ação deste Governo é norteada pela resolução das causas desta crise. Esse é, aliás, o único modo

consequente de prevenir os efeitos que nos preocupam a todos.

Mais do que isso: se queremos anular as causas desta crise, e é para isso que trabalhamos todos os dias,

queremos anular também as causas de crises futuras. Ao resolver as dificuldades, atuais queremos agir não

apenas para resolver os problemas de ontem com soluções que, desse modo condicionadas, seriam sempre

incompletas e insuficientes.

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Primeiro-Ministro: — É porque nos preocupam os efeitos da crise atual que estamos a fazer tudo

para nunca mais termos de passar por outra crise igual.

Aplausos do PSD e do CDS-PP.

Nos nossos dias, esse é o teste decisivo para quem assume responsabilidades políticas hoje, em Portugal.

Perante nós todos, aqui, na Assembleia da República, e no País, colocam-se duas alternativas: uma, é

deixar tudo como está e aguardar por um qualquer acontecimento milagroso que resolva por nós os nossos

próprios problemas. Isso seria não só ignorar todas as injustiças, distorções, insuficiências, iniquidades,

multiplicações de pobreza e de declínio que o status quo nos últimos anos foi gerando, e seria também

convidar a uma crise ainda mais violenta num futuro mais próximo.

Ora, afirmo aqui, na Assembleia da República, perante todos os representantes do povo português e

perante o País, que este Governo nunca escolherá esta alternativa.

Vozes do PSD: — Muito bem!