27 DE SETEMBRO DE 2012
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O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Mas gostava de lhe perguntar, Sr. Secretário de Estado, até porque
essa questão veio «à baila», quando é que o Governo vai pagar às OPP, às organizações de produtores
pecuários, o que lhes deve de 2011 e de 2012.
Os senhores sabem que a nova taxa não chega para fazer esse pagamento e os senhores sabem que
essas organizações realizam serviços de eminente interesse público, na saúde animal, logo, na saúde pública,
que estão sem dinheiro para pagar salários aos seus funcionários, gasóleo para as deslocações às
explorações agrícolas e produtos farmacêuticos para as vacinações.
Os senhores sabem que não estão a cumprir legislação em vigor, que os senhores não revogaram. Não
eram o PSD e o CDS, inclusive pela voz de Paulo Portas, que reclamavam, há pouco mais de um ano, contra
os caloteiros do governo do PS, que não pagavam aos agricultores e às associações?!
Os senhores sabem que é inacreditável que, decorridos nove meses de 2012, as OPP, as organizações de
produtores pecuários, não saibam, neste momento, de quanto vão ser as transferências, quando é que vão ser
feitas e como é que vão ser feitas, Sr. Secretário de Estado.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Pois é!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Sr. Secretário de Estado, os senhores, em recente e muito insuficiente
resposta à pergunta do PCP sobre segurança alimentar, informaram-nos que o Estado português despendeu,
em 2010, em pagamentos a três laboratórios localizados no estrangeiro, 5 413 000 euros. Um colossal
escândalo, Sr. Secretário de Estado! Um escândalo colossal!
Enquanto os laboratórios nacionais, do Estado português, não têm dinheiro para reagentes, para os gastos
— e não era só com o governo anterior, com o atual continua a acontecer a mesma coisa! —, não têm o
mínimo para funcionar, o Estado português transfere milhões de euros para fazer funcionar os laboratórios
estrangeiros,–provavelmente com mão-de-obra especializada portuguesa que os senhores fizeram e estão a
fazer emigrar, realizando análises que podiam ser feitas em Portugal.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Sr. Deputado, queira concluir.
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Sr. Secretário de Estado, Srs. Deputados, a nova taxa é, de facto, para
alimentar o escândalo do pagamento de serviços de laboratório no estrangeiro, que, insisto, é um escândalo
de dimensões colossais que os senhores não querem resolver.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, necessariamente breve, dado o tempo de que
dispõe, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Fazenda.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, o seu Governo era aquele que se
propunha controlar a tesouraria das empresas, a propósito da TSU. Nessa onda de pensamento, pergunto-lhe
como é que o Governo acautela, no caso desta taxa, que a grande distribuição não a repercuta sobre os
consumidores? Que garantias é que nos dão aqui? Qual foi o mecanismo que encontraram? Parece que
nenhum! Então, fale-nos verdade.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — O Sr. Secretário de Estado dispõe de alguns segundos cedidos pelo
PSD, que acrescem ao tempo de que o Governo dispunha. Assim, tem a palavra, para uma segunda
intervenção, Sr. Secretário de Estado.