I SÉRIE — NÚMERO 4
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uma matéria para a qual devemos olhar com profundidade —, os senhores só têm, neste caso, uma forma de
corrigir o erro, que é recuar e retirar esta taxa sobre os alimentos.
Aplausos do PS.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — Para apresentar a apreciação parlamentar n.º 24/XII (1.ª), tem a palavra o Sr.
Deputado Agostinho Lopes.
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Srs. Deputados: Gostaria
que o Sr. Secretário de Estado me esclarecesse sobre seis questões.
Primeira questão: o Governo e a Ministra da Agricultura já reconheceram que se trata de um imposto e não
de uma taxa e, logo, estão de acordo com a revogação do Decreto-Lei em apreciação? Vou ler o que
escreveu, e que certamente já leram, o insuspeito Bagão Félix: «Acontece que quando não se caça com cão,
caça-se com gato. Ou seja, não sendo conveniente um novo imposto, cria-se uma ‘benigna’ taxa. Tem a
vantagem de não necessitar de aprovação parlamentar e passar discretamente ao lado da discussão pública».
Segunda questão: já compreenderam que, ainda segundo o insuspeito Bagão Félix, o argumento do
utilizador-pagador é manifestamente forçado, que não tem ponta por onde se lhe pegue?
Terceira questão: seguiram o conselho, também de Bagão Félix, e leram «um qualquer manual de
repercussão tributária»? Já concluíram que a taxa, ao contrário do que disseram, vai acabar por incidir nos
consumidores e produtores?
Quarta questão: como explicar que, contrariamente à propaganda de penalização apenas da grande
distribuição, a taxa vá atingir cerca de 3000 pequenas empresas nacionais, Sr. Secretário de Estado?
Quinta questão: por que não foram ouvidas a CONFAGRI (Confederação Nacional das Cooperativas
Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, CCRL), a CNA (Confederação Nacional da Agricultura) e a AJAP
(Associação dos Jovens Agricultores de Portugal), contrariamente a outras confederações?
Sexta questão: quanto vai arrecadar, por ano, o Governo com o novo imposto/taxa? Qual é o valor previsto,
por ano, de receitas do Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar Mais?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Abel Baptista.
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
Extraordinário hoje, aqui, é o facto de haver, da parte de dois partidos da oposição, uma apreciação
parlamentar sobre um Decreto-Lei que criou uma taxa para ser socialmente mais justo o financiamento da
segurança alimentar em Portugal.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Qual justiça!
O Sr. Abel Baptista (CDS-PP): — E mais extraordinário é ser o Partido Socialista, que, quando saiu do
governo, deixou uma dívida neste setor da ordem dos 14 milhões de euros — 12 milhões de euros às
organizações de produtores pecuários (OPP) e 2 milhões de euros aos laboratórios —, a vir aqui pedir a
apreciação parlamentar sobre esta matéria, não apresentando nenhuma alternativa. Isto não deixa de ser
sintomático.
Também não deixa de ser sintomático vir o Partido Comunista Português dizer que é contra esta taxa
porque ela é aplicada às grandes superfícies comerciais, portanto, ao grande capital, meu caro Agostinho
Lopes!
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Não, não, é por recair nos consumidores!