29 DE SETEMBRO DE 2012
31
A Sr.ª Lurdes Ribeiro (PCP): — E também é exemplo de como o que conta não é a vontade das
comunidades escolares, que melhor do que ninguém sabem o que lhes é mais favorável, mas, sim, os
objetivos que o Governo quer cumprir com a troica.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As iniciativas que agora discutimos
permitem trazer, mais uma vez, ao Plenário da Assembleia da República a discussão sobre o processo de
reordenamento da rede escolar.
É manifesto que tudo o que aconteceu nos últimos dois anos tem vindo a ser um processo de imposição e
de criação de maior irracionalidade naquilo que é a estruturação da rede escolar da escola pública, em
Portugal.
Ela é essencialmente irracional, em particular, as medidas que foram tomadas pelo atual Governo e que
foram implementadas até ao início deste ano letivo, porque tudo foi desenhado no sentido de criar
megaunidades escolares que agregam tantos milhares de alunos, de anos de escolaridade tão diferentes, em
localidades diferentes, com uma equipa de gestão e de direção desse agrupamento tão exígua que, na prática,
o que o Governo acha que está a poupar nos ordenados da equipa que faz a gestão desse estabelecimento
de ensino, está a multiplicar em custos e problemas para o futuro.
Porque a educação não é um mercado, sabemos que pequenas unidades funcionam melhor. E funcionam
melhor porque previnem problemas, porque conhecem os seus alunos e os seus professores, porque são
capazes de ter a autonomia e a flexibilidade para resolver problemas. Portanto, o que se está a criar é mais
entropia no sistema.
Depois, estamos perante uma reordenação da rede escolar que foi imposta. O Governo criou aqui uma
suposta fraude de participação das comunidades e das escolas. Faz lembrar aquela rábula: câmaras
municipais, associações de pais e conselhos gerais são consultados sobre o processo de reordenação da rede
escolar? Sim. Podem discordar daquela que é a proposta do Governo? Podem. E qual é a consequência
dessa posição? Absolutamente nenhuma!… O Governo segue em frente, ignorando todos os atores, todos os
agentes do sistema, e criou mega-agrupamentos.
É nesse sentido que o Bloco de Esquerda quer saudar as duas iniciativas aqui trazidas pelo Partido
Socialista e pelo Partido Comunista Português.
Na verdade, saudamos, por inteiro, a iniciativa do Partido Comunista Português, que retoma o debate
fundamental sobre a rede escolar: planificar, a nível nacional e de acordo com o conhecimento do contexto
local, e envolver os diferentes agentes. É isto que é necessário fazer.
E verdade seja dita, Sr. Deputado Renato Sampaio, o Bloco de Esquerda saúda metade da iniciativa do
Partido Socialista. O caso que nos traz sobre o município de Paredes é muitíssimo justo e merece a nossa
total concordância. Contudo, o Sr. Deputado pega na história, na famosa Resolução de Conselho de Ministros
de 2010, que foi exatamente a altura em que, em Portugal, se começou a pensar (ainda durante os governos
do Partido Socialista) que a reorganização da rede escolar tinha de estar submetida apenas e só a critérios
economicistas. Não foi um bom início e abriu toda a latitude para os disparates que estão agora a ser feitos
pelo atual Ministério da Educação.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Emília
Santos.
A Sr.ª Emília Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Escutei com toda a minha atenção
as intervenções dos partidos da esquerda e só me ocorre pensar que a democracia, de que tanto falam, em