4 DE OUTUBRO DE 2012
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É que, na realidade, por muito que falem do Programa de Emergência Social, não conseguem esconder
uma coisa muito importante: uma das características da governação deste Governo é a redução sistemática,
sucessiva e grande (em dimensão) dos apoios públicos sociais, tão necessários a que as pessoas vivam com
um mínimo de dignidade.
Dito isto, serei muito breve na apreciação do projeto de lei do PSD e do CDS-PP. Temos uma concordância
genérica com o mesmo. Há alguns aspetos de pormenor, de detalhe, que procuraremos apresentar no debate,
na especialidade.
Mas gostava de terminar, dizendo o seguinte: estou muito preocupado não com que haja muitas
ambulâncias para transportar os doentes mas que haja doentes que tenham condições financeiras e
económicas para se transportar quando for necessário. Isto é tão ou mais importante quanto aquilo que
estamos hoje aqui a discutir, porque esse é o problema que vamos discutir a seguir e esta é a ligação entre
um projeto e os outros. Mas o problema de fundo, hoje, do transporte de doentes, sendo justa e correta a
vossa proposta, é exatamente garantir que todos aqueles que clinicamente necessitam têm um transporte
gratuito assegurado.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Teresa Caeiro.
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O CDS congratula-se não só
pelo facto de juntamente com o PSD ter apresentado esta iniciativa como também pelo facto de as restantes
bancadas se associarem, utilizando os termos já referidos, genericamente, a esta iniciativa. E quando as
bancadas da oposição dizem que se reveem genericamente, o que, no fundo, querem dizer é que aplaudem e
não têm outra forma de o dizer.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Teresa Caeiro (CDS-PP): — Na verdade, o Sr. Deputado Filipe Neto Brandão fez aqui alguns
exercícios, que me pareceram um pouco o jogo do «Descubra as diferenças». Devo dizer-lhe que considero
esse exercício interessante — aliás, o meu filho fá-lo todos os dias, pelo que terei todo o gosto em guardar o
resto das revistas para que o Sr. Deputado possa prosseguir esse exercício. Mas congratulamo-nos por o
Partido Socialista reconhecer e acompanhar esta iniciativa.
O mesmo se diga quanto às outras bancadas, pese embora algumas reservas que, com toda a franqueza
nos parecem algo artificiais, porque, sejamos honestos, a verdade é que existe o transporte de doentes não
urgentes que é efetuado ao abrigo de um determinado regime por associações e corporações de bombeiros
legalmente constituídas, bem como por delegações da Cruz Vermelha Portuguesa, sendo elas isentas de
alvará para o exercício desta atividade de transporte.
E, Sr. Deputado João Semedo, garanto-lhe que o Programa de Emergência Social, ao contrário da vossa
iniciativa que discutiremos a seguir, não é um exercício de demagogia, antes tem permitido dar oxigénio e
margem de funcionamento a muitas instituições particulares de solidariedade social que não só proporcionam
apoio àqueles que mais precisam, em tempos de grande contenção, mas também são grandes empregadores
no nosso país.
Portanto, estas IPSS precisam de ser apoiadas, nomeadamente aliviando as burocracias que lhes são
aplicadas.
Dito isto, Sr.as
e Srs. Deputados, é evidente que a segurança do transporte dos doentes tem de ser
salvaguardada. Mas, obviamente, estamos a falar de um transporte que não requer especificidades de
segurança ou técnicas que não sejam as sancionadas pelo INEM. Da mesma forma que entendemos que não
faria qualquer sentido perpetuar esta exigência junto das IPSS quando as associações de bombeiros
voluntários e as delegações da Cruz Vermelha já não estão sujeitas a estas exigências.
Para concluir, devo dizer que é evidente (e já teremos oportunidade de falar a seguir) que este Governo
proporcionará sempre transporte para o tratamento necessário a qualquer cidadão, a qualquer doente, cujas
caraterísticas clínicas assim o exijam e cuja capacidade não lhe permita pagar o transporte. Esta é uma