6 DE OUTUBRO DE 2012
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é precisamente neste momento, em que se põe em dúvida os resultados do nosso processo de ajustamento,
que é preciso sublinhar dois factos que, pela sua evidência, estão para além de qualquer dúvida.
Em primeiro lugar, a consolidação orçamental. No conjunto de 2011 e 2012, reduziremos o défice estrutural
do Estado em 6 pontos percentuais do PIB.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Estamos a falar de uma consolidação que não tem qualquer paralelo na nossa
história democrática. O significado desta consolidação ficará ainda mais claro se notarmos que foi conseguida,
sobretudo, do lado da despesa. Os números são muito expressivos e desfazem quaisquer dúvidas que ainda
possam subsistir neste domínio. Na verdade, não temos nenhum precedente desde a revolução democrática
para a redução da despesa que este Governo operou. No conjunto de 2011 e 2012, a despesa pública,
mesmo com o forte aumento de juros pagos, cairá mais de 10 000 milhões de euros (e não são os salários), o
que equivale a uma redução de mais de 12%, em termos nominais. No mesmo período, a despesa pública
corrente foi reduzida em quase 8000 milhões de euros, isto é, mais de 10%, em termos nominais. E noto ainda
que, em 2012, a despesa corrente ficará 700 milhões de euros abaixo do que ficou orçamentado.
É assim que o Governo apresenta resultados que confirmam o compromisso que fez com os portugueses,
de redução permanente da despesa do Estado. Em 2013 e 2014, a redução da despesa continuará, como foi
referido ontem pelo Ministro de Estado e das Finanças — e continuará num contexto de reorganização das
instituições e funções do Estado —, para que, depois da opressão da dívida, possamos também aliviar os
portugueses do peso excessivo da carga fiscal, e para que o possamos fazer de modo duradouro.
O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Em segundo lugar, quero referir a correção do défice externo. Este era um
objetivo sem o qual o País nunca conseguiria retomar o caminho do crescimento e da criação de emprego.
Estamos, hoje, mais próximos da nossa ambição coletiva de termos uma economia mais exportadora e que
providencie aos portugueses a prosperidade que desejam, sem acumular dívida externa descontrolada. Para
que tenhamos uma ideia do progresso realizado, ainda há três anos, as nossas exportações de bens pagavam
pouco mais de 60% das nossas importações, ao passo que, até ao final de 2012, as exportações já
praticamente pagarão a totalidade das nossas importações de bens.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — É neste contexto que a revisão das metas orçamentais, para este ano e para o
próximo, deve ser entendida. A revisão das metas quantitativas resulta simultaneamente da credibilidade que
soubemos adquirir junto das instituições internacionais que acompanham o nosso programa e das novas
condições de financiamento junto dos mercados, adquiridas lentamente, mas com segurança, ao longo dos
últimos meses. Mais do que isso: se a política do Governo não estivesse à altura das exigências deste difícil
processo de ajustamento, nunca, mas nunca, os nossos credores teriam permitido a revisão das metas para o
défice sem a imposição de um segundo programa mais gravoso e mais longo. Estas novas condições
tornaram possível, ontem mesmo, o regresso da República ao mercado de obrigações, onde fomos capazes
de concluir com sucesso uma operação de troca de títulos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Temos, desde o início do programa, determinados objetivos de equilíbrio orçamental que têm de ser
atingidos. Esse dado permanece inalterado. Não era nada claro, no início, que viéssemos a dispor da
capacidade de adaptar as metas para o défice a novas circunstâncias, como fizemos em conjunto com as
instituições internacionais. Esta margem de autonomia foi adquirida porque soubemos eliminar dúvidas que
existiam no início sobre a nossa capacidade de controlar as variáveis que realmente dependem da nossa
vontade, como a despesa pública, e de transmitir a necessária confiança no processo de ajustamento. Seria