I SÉRIE — NÚMERO 9
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A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Pita Ameixa.
O Sr. Luís Pita Ameixa (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A matéria que hoje discutimos é
de grande importância e convoca de todos os responsáveis políticos do País um grande sentido de Estado,
porque se trata de serviços da maior delicadeza na sua ação, os Serviços de Informações da República
Portuguesa, quer o Serviço de Informações de Segurança (SIS), quer o Serviço de Informações Estratégicas
de Defesa (SIED).
E a nossa atenção é convocada para a necessidade de imparcialidade e dignidade do funcionamento
desses serviços, sendo que acontecimentos recentes vieram agudizar a necessidade de haver uma resposta
política e legislativa a esse respeito. O Partido Socialista esteve presente no momento necessário, pois, em
fevereiro, apresentou aqui, na Assembleia da República, o projeto de lei n.º 181/XII (1.ª), já aprovado na
generalidade, que procurava responder às necessidades políticas em relação a esta matéria.
Em primeiro lugar, estabelecendo um sistema de registo de interesses para os responsáveis e para os
funcionários desses serviços; em segundo lugar, estabelecendo também um «período de nojo» após a
cessação de funções nos serviços de informação; em terceiro lugar, disciplinando a ligação — que, por vezes,
é útil que exista —, entre os serviços de informação e empresas estratégicas para o País no domínio
comercial; e, em quarto lugar, estabelecendo uma intervenção parlamentar mais forte e mais importante
através da audição prévia dos candidatos a ocuparem o lugar de diretores do SIS e do SIED.
O projeto de lei do Partido Socialista respondia, portanto, às questões essenciais e foi aqui aprovado na
generalidade, espantosamente, aliás, com o voto contra do BE, para mim incompreensível, e de outro partido.
Mas o facto mais saliente, Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, é a falta do PSD, e também do CDS, que tinha
aqui, em março, anunciado que tinha prontos ou praticamente prontos três projetos de lei para apresentar.
Ora, de março até agora, Srs. Deputados, conta mais de meio ano e, portanto, essa emergência, essa
necessidade de atuação política e legislativa que tinha sido aqui colocada, o PSD tropeçou nela, ou tropeçou
em alguma coisa. Por que razão é que o PSD não conseguiu cumprir aquilo que tinha dito que ia fazer? O que
leva o PSD a não ter conseguido trazer a esta Assembleia da República os projetos de lei que disse que tinha
prontos, que ia apresentar e que, agora, volta a prometer que apresentará?
Pergunto: será que apresenta? Será que tem reunidas as condições para o fazer?
O Sr. Luís Fazenda (BE): — É o déjà vu!
O Sr. Luís Pita Ameixa (PS): — A responsabilidade está do lado do PSD e do CDS.
O Partido Socialista tem o seu projeto de lei à espera de podermos concretizar esta alteração, que é
necessária para o País.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Bloco de Esquerda apresenta
iniciativas legislativas que procuram responder a problemas que são relevantes do ponto de vista do
funcionamento dos serviços de informações, relativamente aos quais — concordando mais com uns, com mais
dúvidas relativamente a outros — achamos que, em todo o caso, vale a pena que estas questões sejam
discutidas e vale a pena que se procure encontrar soluções legislativas para resolver problemas tão
pertinentes como este do chamado «período de nojo» ou, do nosso ponto de vista, mais relevantemente ainda,
o problema do acesso da Assembleia da República a matérias que são classificadas como de segredo de
Estado por força da lei, pelo simples facto de serem matérias na posse dos serviços de informações.
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Exatamente!