11 DE OUTUBRO DE 2012
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O Sr. António Filipe (PCP): — E a maioria tem hoje a atitude que costuma ter relativamente a qualquer
iniciativa legislativa sobre serviços de informações que venha da oposição: diz que a questão é muito
relevante, deve ser discutida, mas, em vez de procurar discutir as questões, a única preocupação que tem é
encontrar alguns argumentos lá no fundo do baú para deitar as iniciativas abaixo. É mais uma vez o que estão
aqui a fazer!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
O Sr. António Filipe (PCP): — Ou seja, quando os escândalos rebentam na opinião pública, quando o
País assiste à total falência do sistema de fiscalização que está instituído — porque o que é verdade é que
quando rebentou, na opinião pública, pela comunicação social, o escândalo Silva Carvalho, o Conselho de
Fiscalização dos Serviços de Informações da República Portuguesa foi atrás do prejuízo, soube pela
comunicação social, como toda a gente —, os senhores vêm reconhecer que, sim, tem de se alterar o sistema,
o modelo não funciona. Mas quando alguém propõe alguma coisa, a única preocupação que os senhores têm
é deitar abaixo essas iniciativas.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Teresa Anjinho (CDS-PP): — Não é verdade! Não ouviu o que eu disse!
O Sr. António Filipe (PCP): — Ou seja, os senhores não querem mudar rigorosamente nada em matéria
de serviços de informações! Os senhores querem continuar com uma situação absurda, num Estado de direito
democrático, que é o Parlamento não ter qualquer acesso em matérias de fiscalização dos serviços de
informações e do segredo de Estado e termos os serviços de informações que não são os serviços de
informações da República são os serviços de informações do Governo da República, o que é completamente
diferente. E é isso que os senhores querem manter e perpetuar!
Vozes do PCP: — Exatamente!
O Sr. António Filipe (PCP): — Por isso é que, sempre que há aqui alguma iniciativa que questione com
seriedade o estado das coisas, o estado lamentável em que vive o nosso País, em matéria de ausência de
fiscalização democrática dos serviços de informações da República, a única preocupação que os senhores
têm é reconhecer que é preciso discutir, que é preciso mudar alguma coisa, mas, na prática, pretendem que
tudo fique rigorosamente na mesma, isto é, mal como está e de uma forma que é indigna num Estado de
direito democrático.
Aplausos do PCP e do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília
Honório.
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Sr. Deputado Hugo Lopes Soares,
o déjà vu é uma maioria que não quer saber absolutamente nada!
O Sr. Luís Fazenda (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Déjà vu é este silêncio pastoso da maioria à espera que a balbúrdia dos
serviços acalme para não fazer nada! Para não fazer nada! Ou, então, não há entendimento que vos valha em
matérias tão óbvias como estas, porque os senhores sabem perfeitamente que os projetos de lei são
absolutamente razoáveis, são questões de bom senso. Agora, a verdade é que chegámos ao fim deste debate
e os senhores querem reduzir o Parlamento à sua menoridade. Nós não aceitamos! Não aceitamos!