19 DE OUTUBRO DE 2012
31
A Sr.ª Ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (Assunção
Cristas): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: No século XXI, a resposta a uma interpelação que
questiona o Governo sobre políticas de desenvolvimento para Portugal tem de integrar de forma incontornável
a resposta do desenvolvimento sustentável em todas as suas dimensões: económica, social e ambiental.
O debate só fica completo se a visão da urgência do momento, com certeza extraordinariamente
importante, for enquadrada numa visão estrutural e transversal de desenvolvimento para o nosso País, e se a
visão da urgência for também o mote para a visão de fundo.
Para o Governo, é muito claro que não há hoje desenvolvimento sólido, duradouro, respeitador da atual e
das futuras gerações, se não incorporar a sensibilidade da limitação dos recursos do nosso planeta e não
aceitar, com imaginação e criatividade, o desafio de responder aos anseios sociais e económicos com
profundo respeito pelo meio que nos rodeia — isso mesmo dissemos, há bem pouco tempo, na Conferência
Rio+20. Os recursos à nossa disposição são finitos e, ou os gerimos com inteligência na ação e generosidade
na visão, ou estamos a hipotecar o dia-a-dia dos nossos filhos.
Desenvolver uma economia verde e azul é o compromisso do Governo e apresenta-se como ainda mais
relevante no contexto da conjuntura difícil que atravessamos. Apostar no desenvolvimento de uma economia
de baixo carbono, assente no uso eficiente dos recursos e na criação de condições favoráveis ao
desenvolvimento sustentável em áreas com menor impacte ambiental, é hoje uma resposta de presente e de
futuro, é uma saída para a crise, mas, melhor, é uma saída sustentável para a crise.
Adotar a eficiência de recursos como ótica de análise e de decisão política é, ao mesmo tempo, assumir
uma visão e um instrumento de trabalho. Num tempo em que os recursos são reconhecidamente limitados e,
muitos deles, escassos, é nosso dever valorizá-los e usá-los bem. E o primeiro recurso que temos é o nosso
território.
Como País, temos um povo e um território. Este território marca o âmbito da nossa ação enquanto povo e é
a nossa base de partida para qualquer estratégia de desenvolvimento que se quer duradoura. A nossa riqueza
está, antes de mais, nas nossas gentes e no nosso espaço, na nossa terra e no nosso mar. Olhar para este
território como recurso que deve ser fruído e usado de forma eficiente e sustentável e, mais ainda, que deve
ser valorizado enquanto alicerce de inúmeras atividades, elas próprias, por seu turno, valorizadoras desse
mesmo território, implica planear cuidadamente o que nele se pode e deve fazer.
Por isso mesmo, estamos a trabalhar, em paralelo, na nova lei de bases de ordenamento do território e
solos, cujas linhas gerais foram objeto de diálogo, nesta segunda-feira, na Comissão Permanente de
Concertação Social, e na proposta da primeira lei de bases de ordenamento do espaço marítimo. Seremos o
primeiro país da União Europeia a ter uma lei de bases de ordenamento do espaço marítimo, trabalho
preparatório essencial para podermos explorar, depois, aquilo que é o nosso potencial, o mar. Em qualquer
dos casos, as nossas preocupações centram-se num uso equilibrado, seguro e inteligente do nosso recurso
territorial. Queremos planear antes, para, depois, simplificar o dia a dia dos cidadãos e empresas. Queremos
deixar claro, à partida, onde estão as proibições, para o que o resto seja margem de liberdade e de
simplificação.
Cabe ao Estado planear, regular e fiscalizar; não cabe ao Estado complicar e dificultar a vida das pessoas.
E esta visão é transversal a todas as intervenções do Governo: seja no regime da indústria responsável, que
incorpora antes a análise ambiental, para simplificar depois; seja no regime da reabilitação urbana, cuja
comunicação prévia associada à responsabilidade dos técnicos no cumprimento das normas é o que basta
para as intervenções; seja no regime da reflorestação, que está a ser preparado no seguimento da ampla
consulta pública realizada e que quer ditar a norma e fiscalizar depois, libertando o proprietário rural de
pedidos de licença e autorização desproporcionados.
Quando o Governo privilegia a reabilitação urbana, simplificando muitíssimo as exigências legais, muitas
excessivas, e canalizando recursos financeiros para esta área, está a valorizar o recurso existente do nosso
edificado e a contribuir para um melhor ordenamento do espaço das cidades. O mesmo se diga da lei do
arrendamento, agora reforçada no Orçamento pela equiparação do regime fiscal de rendimentos de capital e
rendimentos prediais,…
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Muito bem!