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26 DE OUTUBRO DE 2012

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Chega a ser extraordinário como tantos e tantos economistas não deram conta do percurso que nos levava

para o abismo e, agora, são tão clarividentes nas análises. Tão extraordinário como notar que quantos se

atreviam a prever o pior eram colocados no índex.

Onde estava o Dr. Seguro durante este tempo todo? Aqui, no Parlamento, presidindo à Comissão de

Economia. Fazendo o quê? — pergunto eu. Provavelmente olhando para o teto, dando a palavra, controlando

o tempo de intervenção, refugiando-se na sua posição de árbitro.

Apitava o Dr. Seguro quando as infrações eram evidentes? Não, deixava seguir o jogo!

Os incentivos às rendas da energia não eram um claro fora de jogo? As PPP não eram uma agressão ao

povo português? Os projetos do TGV, do novo aeroporto e da nova travessia do Tejo não eram mais uma

rasteira às contas públicas?

Hoje, estão aqui, ao seu lado, muitos dos jogadores autores das faltas. Louvam-se da sua capacidade de

esquecimento, que se adiciona ao alheamento anterior.

O gato comeu-lhe, então, a língua no Largo do Rato. Um estranho acaso da providência voltou a fazê-la

renascer. O que ficou para trás? Apenas a memória.

Hoje, o Dr. Seguro encontra-se com o Sr. Hollande e ouve-o dizer que os povos ibéricos sofrem com a

consequência das atitudes de outros tempos. A quem pensa que ele se refere?

Claro que o Sr. Hollande compreende a necessidade das restrições, de uma política de austeridade, ou de

responsabilidade, que à França impõe. E o Sr. Hollande também sabe que o Governo do Partido Socialista

negociou e assinou o acordo com a troica, com a «corda no pescoço». Foi uma violência? Foi! Mas a maior

violência foi o caminho seguido até essa altura, a maior violência foi o adiamento do pedido,…

A Sr.ª Sónia Fertuzinhos (PS): — O adiamento?! Veja o que a Espanha está a fazer!

O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — … a maior violência é o seu próprio conteúdo.

Agora, de duas uma, ou nos vemos o mais rapidamente possível livres da troica e das suas imposições, ou

eternizamos esta situação de verdadeiro protetorado.

Ficar livres de tudo isto significa pagar, negociar bem, uma vez recuperada a confiança, conquistar a

consideração das nossas debilidades e de um caminho próprio.

Não vai ser possível voltar à inconsciência anterior!

O Sr. Luís Montenegro (PSD): — Muito bem!

O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Vamos ser obrigados a governar sem dinheiro, a escolher melhor os

objetivos e as prioridades, a não enganar o povo.

O Eng.º Guterres dizia que, em Portugal, dinheiro não era problema. Pois não! Até este acabar!…

O slogan que regia o exercício do Governo do Eng.º Sócrates podia muito bem ser: «Para quê algodão,

quando se pode ter seda?!».

Vozes do PSD: — Muito bem!

O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Alguém é capaz de prometer ao Dr. Seguro que sairemos do inferno

para o paraíso, que este está ali ao virar da esquina e que uma fada boa lhe trará uma varinha mágica?!

«Esperança», diz o PS — o discurso da esperança. Certamente! Não o da inconsciência, não o das

palavras soltas, não o das miragens, não o das facilidades. Pode o PS fazer propostas claras, se possível, que

reduzam o acessório e garantam o fundamental, mas essencial é que a economia cresça, que os portugueses

mais frágeis sejam protegidos.

Risos da Deputada do PS Isabel Alves Moreira.

É pouco o Dr. Seguro dizer não, recusar. E não é sequer compreensível que o Partido Socialista não

reconheça aquilo que é uma evidência positiva. Há uma área na qual os progressos têm sido notáveis. Os

juros da dívida a 10 anos chegaram, há uns meses atrás, a valores acima dos 15% e, nesta altura, estão na