I SÉRIE — NÚMERO 19
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A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … para racionar os medicamentos, restringir o acesso aos tratamentos por
parte dos portugueses,…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — … que, em vez de terem acesso aos tratamentos mais adequados e mais
eficientes, vão ter acesso a outros tratamentos com um único critério, o de reduzir despesa, e não com base
num critério clínico e de melhoria das condições de vida desses mesmos portugueses.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — O que o Governo quer é legitimar a prática que 14 hospitais na região Norte
já estão a aplicar aos seus utentes!
Sr. Ministro, os doentes oncológicos, os doentes com esclerose múltipla, os doentes com hepatite C, os
doentes com artrite reumatoide, na região Norte, já hoje sentem na pele a restrição aos tratamentos e aos
medicamentos, quando lhes estão a substituir medicação e quando lhes estão a aplicar tratamentos menos
eficientes, tudo com o objetivo de reduzir despesa.
A Sr.ª Presidente: — Queira fazer o favor de concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Paula Santos (PCP): — Sr.ª Presidente, para terminar, queria dizer que este Governo releva bem
que não é a saúde das pessoas que está nas suas preocupações; o que está nas suas preocupações é
reduzir o défice, a todo o custo — custe o que custar —, independentemente das consequências que isso
tenha na saúde das pessoas. Mas, para fazer esse caminho, não conta com o PCP!
O PCP vai continuar a intervir na Assembleia da República em defesa do Serviço Nacional de Saúde.
Também podem contar com a luta dos utentes e das populações, em defesa do seu direito à saúde, porque
não vão pactuar com estas medidas que o Governo quer impor.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Isabel Galriça Neto.
A Sr.ª Isabel Galriça Neto (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr. Ministro da Saúde, queria cumprimentá-lo,
agradecer a sua intervenção, o seu exemplo de trabalho resiliente e congratular-me com o que o senhor disse,
porque, de facto, é verdade que este Governo aposta na saúde e no Serviço Nacional de Saúde, e com isso o
CDS só pode regozijar-se.
Aplausos do CDS-PP.
Obviamente que, para além das questões orçamentais (já aqui amplamente debatidas) e das garantias que
a manutenção de uma despesa do Serviço Nacional de Saúde, em torno dos 8000 milhões de euros para a
sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, queria saudar o facto de, num tempo de tantas restrições
orçamentais, estarem a ser anunciadas reformas quando, tantas vezes, se diz que este Governo não está
preocupado com reformas.
As reformas que vemos, que o Sr. Ministro anuncia e vai implementando são, ao contrário do que já se
disse, reformas que se preocupam com as pessoas, nomeadamente com os mais vulneráveis, como se pode
atestar com o facto de haver mais de 5 milhões de pessoas isentas de taxas moderadoras e com o
congelamento das taxas moderadoras nos cuidados de saúde primários para o próximo ano.
São reformas que visam melhorar as condições dos recursos humanos na saúde, com medidas que
tardavam, ao contrário do que há anos estava a acontecer neste setor, e que asseguram melhores condições
de trabalho para os profissionais e a contratação de recursos humanos na saúde.