2 DE NOVEMBRO DE 2012
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Aplausos do PS.
Quando se fala na refundação do Memorando de Entendimento, importa dizer que o maior responsável
pelo seu abastardamento e pela erosão do consenso nacional tem sido o Governo, em sucessivas revisões
unilaterais. Tem sido notável a paciência dos parceiros sociais, tanto das entidades patronais quanto da UGT,
relativamente à reiterada grosseria institucional do Governo. Tem sido patriótico o empenho do Partido
Socialista na concertação, perante as sucessivas revisões trimestrais, ignorando a Assembleia da República e
o maior partido da oposição.
Vamos a caminho do terceiro ano de recessão, quando o Memorando previa crescimento para 2013.
Temos um desemprego que bate, sucessivamente, recordes, quando o Memorando previa o seu declínio em
2013.
Protestos de Deputados do PSD.
O défice vai vogando entre um resultado virtual em que ninguém acredita e aquilo a que a antiga Ministra
das Finanças, Manuela Ferreira Leite, chama uma vocação para o suicídio coletivo e o antigo Ministro das
Finanças, Bagão Félix, chama um napalm fiscal, um gaseamento do País.
Aplausos do PS.
O Governo falhou todos os objetivos a que se comprometeu em 2012. Tentou fazer um discurso, dividindo
os portugueses entre o setor público e o privado, e assentou a estratégia orçamental na fábula da
consolidação, em dois terços, pelo lado da despesa, e no crescimento do IVA, em mais de 12%.
O que acontece é que, ao contrário do previsto no Orçamento feito por este Governo, todas as receitas
fiscais estão em queda, salvo o IRS, com destaque para os desvios colossais em matéria de IVA, de IRC e de
imposto sobre veículos.
A recessão é largamente superior à prevista no Memorando de Entendimento e o desemprego tem
pesados custos para o Orçamento da segurança social, colocada em risco pela imprevidência do Governo.
Não pode, sequer, a maioria invocar o alibi da conjuntura externa, quando, como sabemos, o único
indicador claramente positivo tem sido o crescimento das exportações.
A recessão, as insolvências em cadeia e o afundamento da procura interna são «filhos» desprevenidos de
um Governo que aterrou as expectativas das famílias e das empresas e diabolizou o investimento.
Perante esta desastrosa evolução, o Governo, politicamente agonizante desde o fatídico dia 7 de setembro,
tem oscilado entre a fuga em frente e a absoluta desorientação.
Tivemos, para este Orçamento, três falsas partidas.
Primeiro, a falsa partida da TSU, aplicada aos trabalhadores para alívio das empresas, com um rápido
recuo.
Tivemos, a seguir, a ameaça da degola dos proprietários pelo IMI, sem cláusula de salvaguarda, seguida
de segundo recuo.
Tivemos, depois, a fábula das medidas de estímulo à competitividade e à inovação, de alívio e incentivo
das empresas, não concretizadas no Orçamento do Estado.
Tivemos, desde sábado, a ideia revolucionária da refundação do regime, da refundação do Memorando de
Entendimento.
Os dois pilares do Orçamento do Estado para 2012 foram o corte dos subsídios, derrotado pelo Estado de
direito, através do acórdão do Tribunal Constitucional, e o aumento das receitas de IVA, que ruiu perante o
incumprimento das famílias e a chacina de setores económicos promotores de emprego, como o da
restauração.
Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.