23 DE NOVEMBRO DE 2012
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Este Orçamento do cenário macroeconómico é um Orçamento de faz-de-conta, a fingir, que quer iludir os
agentes económicos, quer iludir, em geral, todas as opiniões informadas no País, não é credível como
instrumento de orientação económica.
Sr.ª Presidente, o que verificamos é que ainda este Orçamento não acabou, aqui, o «calvário» da
especialidade e já há um Orçamento B, com os célebres cortes de 4000 milhões de euros que terão de ser
apresentados à troica até fevereiro e que vão ser abrangidos por algum retificativo ao Orçamento que aqui
estamos a discutir, porque este Orçamento é inviável para a troica, é inviável para a execução orçamental.
As melhores vozes já disseram que ele não é exequível e que é antissocial. Junta o pior de todos os
mundos!
Sr.ª Presidente, o Cabo das Tormentas a que aludiu o PSD não vai dar nenhuma salvação do nosso
esfarrapado navio, vai dar naufrágio, porque o Cabo das Tormentas chama-se troica. E a troica só pode
entender uma linguagem: a da renegociação da dívida e a de, finalmente, enfrentar os juros agiotas que estão
a ser impostos a Portugal!
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Pedro Jesus Marques.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo:
Iniciamos a discussão, na especialidade, de um mau Orçamento, um Orçamento irrealista, com pressupostos
irrealistas, filho de uma má estratégia orçamental. Uma estratégia orçamental de sobreausteridade, de
austeridade custe o que custar ou, em linguagem mais técnica, de front-loading da consolidação orçamental.
Acontece que a má estratégia orçamental — o front-loading, a duplicação da austeridade prevista no
Memorando — teve apenas como consequência a falha rotunda em todos os objetivos orçamentais no ano de
2012 e terá a mesma consequência no ano de 2013. Ainda não acabou o ano de 2012 e já os pressupostos de
partida para 2013 estão a ser postos em causa pelas péssimas situação económica e execução orçamental
nos últimos meses deste ano.
Este é o Orçamento do enorme aumento de impostos, este é o Orçamento do esforço brutal sobre as
classes médias, mas também da triplicação dos cortes de apoios sociais relativamente ao que estava previsto
no Memorando. Há uma estratégia alternativa, uma estratégia que junta consolidação orçamental e política
económica, e é isso que defenderemos na especialidade, no âmbito das nossas propostas.
Quero começar por uma dimensão crítica: transparência na gestão da coisa pública. O PS propõe, e
espera que seja aprovada por esta Câmara, a suspensão dos processos de privatização em curso, até que o
Governo faça aprovar a salvaguarda do interesse estratégico nacional nas privatizações, a que está obrigado
há um ano e ainda não fez,
Há que suspender as privatizações e defender o interesse estratégico nacional.
Aplausos do PS.
O PS apresenta propostas na área económica muito importantes, para a capitalização e o financiamento
das pequenas e médias empresas. Há um ano, aprovámos uma linha de financiamento do Banco Europeu de
Investimento de 5000 milhões de euros que está por concretizar. Foi aprovada pela Câmara, mas o Governo
fez tábua rasa, por isso voltamos a insistir.
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Muito bem!
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Claro que propomos o regresso do IVA da restauração à taxa
intermédia. Foram centenas e centenas, até milhares, as falências e o desemprego neste setor. É inaceitável
que a maioria venha enganar, venha mistificar com uma proposta de um grupo de estudo. Está estudado,
temos o estudo da ARESP (Associação de Restauração e Similares de Portugal), temos a realidade que os
senhores tinham que conhecer. Aprovem o regresso do IVA da restauração à taxa de 13% — é essa a nossa
proposta.