23 DE NOVEMBRO DE 2012
15
Só há uma solução para este Orçamento: rasgá-lo e substituí-lo por outro, construído numa base política
completamente diferente.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Mas, para isso, não é possível contar com esta maioria nem com este
Governo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Da parte do PCP, Sr.ª Presidente, temos dois objetivos neste debate
orçamental.
Por um lado, denunciar todos os atropelos, os desmandos e as malfeitorias que ele encerra, seja no plano
fiscal, seja no ataque profundo aos direitos e ao emprego dos trabalhadores públicos e privados, seja no
desprezo com que o Orçamento trata os reformados e as pessoas com deficiência, seja na violência com que
bloqueia o futuro da juventude em Portugal ou na forma como compromete o desenvolvimento económico e
agrava a dependência do País.
Por outro lado, em segundo plano, vamos intervir neste debate, apresentando e defendendo um vasto
conjunto de propostas que permite confirmar a existência de uma alternativa política à troica e a todos os que
a defenderam ou a defendem.
Interviremos em cinco áreas: apresentaremos soluções concretas para financiar a dívida direta do Estado
(renegociação da dívida); apresentaremos propostas para dinamizar e financiar a economia nacional,
reforçando a capacidade produtiva e apresentando condições concretas para aumentar o investimento público
e privado; propostas para reforçar a procura interna, através do aumento do poder de compra dos
trabalhadores e dos reformados; propostas para desenvolver as funções sociais do Estado na saúde, na
educação e na segurança social, garantindo a qualidade dos serviços públicos, em vez de continuar a sua
destruição como estamos a assistir; e, finalmente, um vasto conjunto de propostas visando a equidade fiscal,
tributando os rendimentos isentos, eliminando benefícios e aliviando a carga fiscal sobre quem trabalha e
sobre os pequenos empresários.
Estas são, seguramente, as bases de um Orçamento contra a troica, mas são também as bases políticas
de um Orçamento que pretende o crescimento, que pretende o emprego e que pretende o desenvolvimento
sustentado e autónomo do nosso País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Informo a Câmara que, entretanto, se inscreveram para intervir os Srs. Secretários de
Estado do Orçamento e da Solidariedade e da Segurança Social.
Tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Orçamento.
O Sr. Secretário de Estado do Orçamento (Luís Morais Sarmento): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados:
Gostaria de começar também por uma declaração genérica sobre o Orçamento do Estado para 2013.
Este Orçamento do Estado é, como já foi inúmeras vezes referido, um Orçamento difícil, na sua
apresentação, como o será na sua execução. É, portanto, um Orçamento que terá um conjunto de riscos mas,
na conjuntura em que vivemos, a gestão orçamental é também uma gestão de riscos.
No entanto, este é um Orçamento que nos permite cumprir os objetivos estabelecidos no Memorando de
Entendimento com os nossos parceiros internacionais, Memorando esse que foi assinado pelo anterior
Governo e que este Governo tem prosseguido na sua aplicação.
Como já referi, este é um Orçamento de risco e, portanto, não podemos aceitar que as alterações
aumentem os graus de risco. Todas as alterações que puderem ser aceites por esta Câmara têm de manter e
não aumentar os riscos da execução deste Orçamento, permitindo que ele seja levado a bom porto.
Portugal e os portugueses têm prosseguido na aplicação das medidas previstas no Memorando e essas
reformas têm sido, em geral, elogiadas pelos nossos parceiros e pelos nossos credores.