27 DE NOVEMBRO DE 2012
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Todos estamos de acordo que, hoje em dia, fruto da situação de emergência financeira que o País
atravessa, temos cargas de fiscalidade acima do que seria normal e aceitável, mas é uma situação de
emergência financeira e estou convicto de que o Governo estará atento não só para a evolução da receita
fiscal como para a empregabilidade do setor, e, juntamento com os representantes do setor, saberá encontrar
espaço para propostas concretas que possibilitarão ter um setor da alimentação, das bebidas e da restauração
sustentável e competitivo no futuro.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Inscreveu-se, para intervir, o Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.
Tem a palavra.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O Governo
sempre mostrou disponibilidade e abertura para discutir com os parceiros sociais e com as associações do
setor as diversas medidas de natureza fiscal, nomeadamente com o setor do alojamento, o setor hoteleiro, o
setor da restauração e similares. O Governo está aberto para discutir, como sempre esteve, matérias de
natureza fiscal.
Mas esta tem de ser uma análise global, integrada. Esta análise tem de abranger a tributação direta e a
tributação indireta, mas também, Srs. deputados, medidas de reforço do combate à fraude e evasão, que
infelizmente continuam a existir nestes setores.
Este reforço das medidas de combate à fraude e evasão fiscais são fundamentais, por um lado, para
cumprir o princípio da equidade, para que todos paguem o imposto que é devido, e, por outro, para assegurar
e garantir condições de concorrência saudável dentro do setor. Não é possível um restaurante ou um hotel que
paga os seus impostos concorrer, de forma saudável, com um restaurante ou com um hotel que está ao lado e
não cumpre as suas obrigações.
É também importante afirmar e garantir o princípio da neutralidade, ou seja, o princípio de que os impostos
devem ser pagos de uma forma neutral e igualitária nos vários setores, nomeadamente no setor do retalho, no
setor do comércio e no setor específico da restauração e do alojamento.
Deixo duas últimas notas para que fiquem claros, de uma vez por todas, os números relativos ao IVA na
restauração.
Em primeiro lugar, reafirmo que o IVA da restauração, o IVA entregue ao Estado até ao mês de agosto
deste ano, ultrapassa em 106% o IVA entregue ao Estado por mesmo setor em período homólogo de 2011.
Reafirmo também que, no regime mensal, o IVA entregue ao Estado no setor da restauração aumentou 122%
relativamente ao período homólogo do ano passado. Estes são números que não podem ser discutidos.
E estes números só são possíveis, Srs. Deputados, porque houve um reforço significativo das medidas de
combate à fraude. Numa situação de quebra de consumo, o aumento da receita de IVA verificou-se, e isto
deve-se principalmente a um aumento significativo das medidas de combate à fraude, coisa que não é referida
pelas bancadas da oposição.
Uma segunda nota factual para dizer que a maioria dos países da União Europeia aplica a taxa normal no
setor da restauração.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma intervenção, a Sr.ª Deputada Hortense Martins.
A Sr.ª Hortense Martins (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Secretário de Estado, discutir não chega, é preciso
tomar medidas porque todos os dias vão à falência inúmeras empresas e há milhares de pessoas que ficam
sem emprego. Até 2013, são 100 000 aqueles que ficarão sem emprego.
Quanto ao combate à fraude e evasão fiscais, com certeza, e há que melhorar a concorrência no setor — é
necessário que todas as empresas paguem.
Porém, o que posso dizer é que o que se passa com as bancadas da maioria (o que é revelado pelo gráfico
que tenho comigo) é obstinação e preconceito. Aliás, basta ver quem é que aumentou o IVA de 8% para 16%.