I SÉRIE — NÚMERO 25
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António José Seguro, do PS, e Cecília Honório e João Semedo, do BE), perfazendo 209 Deputados, pelo que
temos quórum para proceder às votações.
Começamos por votar o voto n.º 84/XII (2.ª) — De congratulação pelo Dia Internacional pela Eliminação da
Violência contra as Mulheres (PSD, PS, CDS-PP, PCP, BE e Os Verdes), que vai ser lido pela Sr.ª Secretária.
A Sr.ª Secretária (Rosa Maria Albernaz): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, o voto é do seguinte teor:
«A violência contra as mulheres é uma violação grave dos direitos humanos e uma forma de discriminação
contra as mulheres. Esta posição tem servido de alicerce à construção do edifício normativo de
reconhecimento, promoção e proteção dos direitos humanos das mulheres, laboriosamente executado por
Governos, Parlamentos, Organizações Internacionais, Organizações Não-Governamentais e pela sociedade
civil em geral.
Em 1999, a Assembleia Geral das Nações Unidas [A/RES/54/131 (1999)] proclamou o dia 25 de novembro
como o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres. Desde então, este dia tem servido
como catalisador para a sensibilização e mobilização das opiniões públicas e compromissos políticos para a
eliminação da violência, das violências contra as mulheres e raparigas.
Violências estas que, na definição do Conselho da Europa, consistem em «qualquer ato, omissão ou
conduta que serve para infligir sofrimentos físicos, sexuais ou mentais, direta ou indiretamente, por meio de
enganos, ameaças, coação ou qualquer outro meio, a qualquer mulher, e tendo por objetivo e como efeito
intimidá-la, puni-la ou humilhá-la, ou mantê-la nos papéis estereotipados ligados ao seu sexo, ou recusar-lhe a
dignidade humana, a autonomia sexual, a integridade física, mental e moral, ou abalar a sua segurança
pessoal, o seu amor-próprio ou a sua personalidade, ou diminuir as suas capacidades físicas ou intelectuais».
Esta definição abrangente permite perceber as várias violências de género, enquadrar o trabalho de
ativistas, organizações e governos e louvar o vasto acervo de declarações, tratados e programas gizados e
aplicados em prol do fim desta bárbara discriminação.
E se muito foi feito, tanto mais ainda há a fazer. Ainda este ano, o Secretário-Geral das Nações Unidas,
Ban Ki-Moon, na sua mensagem para o dia 25 de novembro, alertava para que «milhões de mulheres e
crianças em todo o mundo são atacadas, espancadas, violadas, mutiladas e mesmo assassinadas, naquilo
que constituem violações graves dos seus direitos humanos.». Na mesma ocasião, Michelle Bachelet, diretora
executiva da ONU Mulheres, condena a violência contra as mulheres como «uma ameaça à democracia, um
obstáculo à paz duradoura, um fardo para as economias nacionais e uma violação atroz aos direitos
humanos.»
Reiterando que este «não é apenas um problema das mulheres, é responsabilidade de todas e todos nós»,
Bachelet dá o mote para o que deve ser o empenho de hoje e de manhã, declarando que «sim, é possível;
juntos podemos combater a violência.» No Parlamento português, a Subcomissão da Igualdade elegeu como
área prioritária o combate à violência de género, alinhando a sua atuação com esta preocupação global. É um
diagnóstico que urge à ação, é uma denúncia que não nos pode deixar imunes, nem em consciência nem em
ação.
A realização das Primeiras Jornadas Nacionais Contra a Violência Doméstica insere-se neste espírito
inquebrantável de combate por todos os direitos humanos para todas as pessoas, que conheceu importantes
desenvolvimentos na última década em Portugal, através da aprovação da lei da prevenção da violência
doméstica e assistência das suas vítimas, dos sucessivos planos de ação em vigor, elementos centrais nesta
busca incessante pela dignidade humana e por este seu pressuposto: o fim da violência contra as mulheres e
raparigas.
A Assembleia da República, associando-se à letra e ao espírito da proclamação do Dia Internacional pela
Eliminação da Violência Contra as Mulheres, rejeita perentoriamente a invocação de quaisquer razões de
ordem histórica, cultural ou religiosa para justificar qualquer que seja o tipo de violência contra as mulheres e
reitera o seu empenho pelo fim da violência contra as mulheres e raparigas.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos votar o voto que acabou de ser lido.
Submetido à votação, foi aprovado por unanimidade e aclamação.