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I SÉRIE — NÚMERO 26

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O Governo português, em vez de se bater pelas suas posições, fugiu ao confronto num momento em que

se exigia coragem e abnegação patriótica, batendo em retirada, desdizendo-se na praça pública, numa atitude

a que Cesário Verde chamaria de «troca-tintas».

Aplausos do PS.

Que o Governo possa perder batalhas no seio da União Europeia, pode compreender-se, dado tudo o que

está em jogo naquela mesa.

Vergonha não é perder, vergonha é recusar ir ao combate em nome de Portugal e dos seus interesses!

O Sr. José Junqueiro (PS): — Muito bem!

O Sr. António Braga (PS): — Assim, não é aceitável que venha de lá a bater com a mão no peito,

arvorando o tal ar de bom aluno para tutor ver e, depois, fazer de conta que tudo o que antes defendeu e disse

aos portugueses não passou de um mal-entendido e que nunca havia dito, aliás, nada de semelhante.

Se havia dúvidas de que este era um Governo de braços caídos, incapaz de defender os interesses do

País, este episódio dissipou-as. É no que dá quando não existe alma na defesa de posições em que se diz

acreditar relativamente aos interesses de Portugal: acabam por ser entradas de leão e saídas de sendeiro.

Afinal de contas, também é verdade, a ideia nunca partiu do Governo, apenas tentou aproveitar a boleia de

declarações públicas de Juncker, ao que parece feitas num canto escuro e por isso inválidas.

Risos do PS.

Só assim se explica que, numa semana, era melhor para o País baixar os juros dos empréstimos, alargar

os prazos e acertar uma moratória e, na semana seguinte, tudo não passou de uma «excessiva simplificação

de assuntos complexos».

Ninguém lhes perguntará, ao Primeiro-Ministro ou ao Ministro das Finanças, qual das palavras que eles

disseram eles não compreenderam, porque, simplesmente, foram eles que as disseram. Mas talvez já estejam

nessa fase, ou seja, a de não saberem bem o que dizem ou de já não se compreenderem — é o tal problema

de comunicação a que o Primeiro-Ministro se refere.

E é nestas ocasiões que, em regra, aparece um outro ministro sombra, António Borges, a dizer à RTP:

«Portugal tem das cargas fiscais mais baixas de Europa! Já temos a economia equilibrada! Já não há

necessidade de sucessivos apertos de cintos como aqueles que tiveram lugar sobretudo no final do ano

passado e no princípio deste ano. Agora, o que é preciso é relançar o crescimento económico!». Ora, aí está

outra vez outro social-democrata a simplificar.

Aplausos do PS.

Sr.ª Presidente, a terminar, quero dizer que não será preciso aos perguntar aos portugueses o que pensam

sobre isto, porque todos perceberam, ao arrepio do Governo, que já não é a primeira vez que o País sai a

perder, e muito. Percebeu-se, mesmo no seio do euro, que este é um Governo sem qualquer estratégia para o

ajustamento, que conduz de forma errática, sem guião, esperando por um qualquer determinismo interno ou

externo para resolver os problemas que cria e acumula. Já não é apenas querer parecer bom aluno, é mesmo,

simplificando, uma questão de subserviência em relação aos familiares políticos europeus.

Lisonjeado por eles, que agem, esses legitimamente, em nome dos interesses de outros países, o Governo

desistiu de conduzir a sua própria política e renega os termos do seu próprio mandato.

Aplausos do PS.

Entretanto, assumiu a presidência a Vice-Presidente Teresa Caeiro.