I SÉRIE — NÚMERO 26
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Protestos do Deputado do PS José Junqueiro.
O que disse, e repito, é que esteve clandestino, durante seis anos, na última fila dessa bancada.
Vozes do PSD: — É verdade!
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Mas posso alterar a palavra: em vez de dizer que esteve clandestino, posso
dizer que foi cúmplice, foi cúmplice do maior ataque ao Estado social que foi feito deste o 25 de Abril,…
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
… com o desvario das PPP, as estradas onde não passam carros, a Parque Escolar e a «festa» da Parque
Escolar sem controlo!
Sr. Deputado José Junqueiro, o passado já lá vai e os senhores já foram castigados — mas, de vez em
quando, convém lembrarmo-nos do que se passou. Hoje, a minha preocupação é com o futuro, e o futuro é
discutir o Estado sem tabus: não é o Estado social, é o Estado.
Por exemplo, na Defesa, gastamos mais 2%, em média, do que é gasto na União Europeia; na
Administração Interna, gastamos, em média, mais 1%, do que é gasto na União Europeia; em Saúde, estamos
iguais, mas há outras áreas onde não estamos.
Discutir o Estado não é discutir o Estado social e o que os senhores querem é assustar os portugueses
com uma conversa mole que não interessa a ninguém. Que alternativas os senhores apresentam? Zero! O
que é que os senhores trazem para este debate? Tacticismo político, revanchismo político. Propostas
concretas? Zero!
O Secretário-Geral do Partido Socialista — tenho-o dito muitas vezes — chegou a líder do Partido
Socialista sem apresentar qualquer proposta, mas não vai chegar a Primeiro-Ministro sem apresentar qualquer
proposta do País!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado António Braga.
O Sr. António Braga (PS): — Sr.ª Presidente, o pequeno debate que acabámos de ter aqui, em que o PSD
se apresenta como uma espécie de arauto das reformas, veio dar-nos mais razão nas questões essenciais
que temos colocado no Parlamento, fundamentalmente as que têm a ver quer com a natureza do Estado, em
geral, quer, sobretudo e principalmente, com a natureza do Parlamento.
Sr. Deputado Luís Menezes, a discussão política parlamentar é feita no Parlamento e, à luz da
Constituição, tem regras que devemos respeitar, porque só com essas regras é que a democracia sai
enriquecida.
Aplausos do PS.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os recentes dados do Eurostat reportados a 2011 dão-nos conta
dos indicadores referenciados no apuramento da população que se considera em risco de pobreza e dos que
vivem abaixo desse limiar.
A leitura destes números deve ser realizada com inquietação. Os indicadores são impressivos e dão nota
do grau de sofrimento que atinge milhares de famílias: são mais de 2,6 milhões portugueses em exclusão
social extrema ou em risco de pobreza. E todos sabemos que, ao longo do último ano, o aumento exponencial
de desempregados, nomeadamente casais e jovens qualificados, todos os meses revê em alta estas
estatísticas.
As medidas de austeridade previstas no Orçamento do Estado para 2013 provocarão novo agravamento da
pobreza. E quando a austeridade se reduz a este nível, ao sofrimento, transforma-se em punição, que é,
infelizmente, o que está a acontecer em Portugal.