O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

6 DE DEZEMBRO DE 2012

31

Aplausos do PS.

A deterioração das condições económicas nacionais está dramaticamente espelhada nos dados mais

recentes vindos a público das diversas instâncias oficiais. Por exemplo, agravaram-se todos os indicadores

orçamentais — a receita fiscal, depois de o objetivo ter sido revisto em baixa, ficará muito aquém do previsto.

Na melhor das hipóteses, admitindo que, como diz a Direção-Geral do Orçamento, «o crescimento

homólogo mensal da receita fiscal registado em outubro se mantenha nos meses de novembro e dezembro,

no final do ano poder-se-á verificar uma insuficiência de cerca de 0,4% do PIB». E, Srs. Deputados, mesmo se

for considerado o recurso à concessão da ANA, que ainda não foi aprovada pela Europa, recorde-se, tudo

indica que o défice ultrapassará os 5%, bem além dos 4,5% previstos pelo imprevisível Governo.

Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, com o País em ruínas, em pré-colapso económico e social, o Governo

continua sem responder aos problemas que se agravam cada dia.

Vozes do PS: — Muito bem!

O Sr. António Braga (PS): — A União Europeia é a principal instância onde as decisões relativas à crise

do euro podem contribuir para a defesa da moeda única e dos países em assistência financeira, tal como o PS

tem sublinhado sempre.

Na recente reunião dos países do Eurogrupo, o Governo saiu, como diz o povo, «com uma mão à frente e

outra atrás!»

O Primeiro-Ministro e o Ministro das Finanças passaram a semana anterior a dizer aos portugueses que

esse seria um momento importante para colocar na agenda os problemas que interessam ao País e para

poderem ser consideradas — e cito — «as condições atraentes» oferecidas à Grécia, no âmbito do programa

de assistência financeira. Referiam-se, principalmente, à extensão dos prazos dos empréstimos, às taxas de

juro respetivas, às moratórias na liquidação dos juros e à modificação substantiva, sempre reivindicada pelo

PS e rejeitada pelo Governo.

Percebeu-se, desde o início, que estas posições tão esfuziantes surgiram na sequência das declarações do

Presidente do Eurogrupo, que garantia, antes da reunião, que «as mesmas regras terão de ser aplicadas aos

outros países sob assistência», em clara referência ao que havia sido negociado com a Grécia, como podendo

ser estendido aos restantes países nas mesmas circunstâncias.

Com a oposição da Alemanha e da França, a porta por onde o Governo português julgava poder entrar

fechou-se.

A União Europeia, que procura jogar um papel de relevo na ordem mundial, seja no domínio da paz, da

finança internacional, na ajuda ao terceiro mundo e na defesa do ambiente, não possui ou tarda em criar os

instrumentos internos para atingir esses objetivos e, muito menos, para regular a própria moeda na relação

com outras moedas.

Portugal é vítima dessa ausência e é vorazmente atingido por essa imunodeficiência política na defesa do

euro. Sessenta anos depois da declaração de Robert Schumann para fundar uma Europa unida, sob a égide

de um projeto político comum, é claro, para nós, que o caminho seguido não vai na boa direção.

Vozes do PS: — É verdade!

O Sr. António Braga (PS): — As últimas decisões do Eurogrupo, ao renegarem a realidade que se vive

nos países sob assistência e manterem a pressão financeira sobre Portugal e Irlanda, como que esperando

que cheguem ao estado da Grécia, para então agirem, dá nota de preocupações bem distantes da

solidariedade urgente que salve o euro e toda a economia da União Monetária.

Aplausos do PS.