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6 DE DEZEMBRO DE 2012

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A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, inscreveram-se quatro Srs. Deputados para pedirem esclarecimentos:

a Sr.ª Deputada Mónica Ferro, do PSD, e os Srs. Deputado Pedro Filipe Soares, do BE, João Pinho Almeida,

do CDS-PP, e Honório Novo, do PCP.

Tem a palavra a Sr.ª Deputada Mónica Ferro.

A Sr.ª Mónica Ferro (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Braga, acabamos de assistir a um

exercício de citações avulsas, de evocações de memórias, na minha opinião de uma leitura um pouco

enviesada da História.

O Sr. Deputado citou tanta gente que me espanta que não tenha citado o Eng.º António Guterres, do seu

partido, que ainda esta semana fez umas declarações muito interessantes acerca do legado que deixou ao

nosso País. Espanta-me também que, citando tantas estatísticas, não tenha tido uma certa seriedade, até lhe

chamaria académica, de imputar as responsabilidades a quem de direito. Fica bem, fica-nos bem no debate

público.

E já que referiu estas últimas decisões do Eurogrupo e esta eventual falta de coordenação no Governo ou

entre os parceiros e dentro dos partidos políticos sobre de que medidas deveríamos beneficiar, digo-lhe que o

Sr. Deputado fez uma leitura demasiado simplista do que se está a passar.

Na realidade, do que se trata é de uma série de condições que foram negociadas com a Grécia e que

podem, ou não, ser aplicadas a Portugal. A garantia está dada e, como deve lembrar-se, é de julho do ano

passado. Foi reivindicada pelo Primeiro-Ministro português e foi a de que para circunstâncias semelhantes

devem aplicar-se condições semelhantes, e sempre as melhores condições.

Portanto, Sr. Deputado, nós temos a garantia, desde Julho do ano passado e reiterada este ano pelo

Presidente do Eurogrupo, de que as melhores condições que se aplicarem à Grécia serão as melhores

condições aplicadas a Portugal. Mas como nos faz uma leitura sempre muito setorial do que se está a passar,

fica outra questão, que é a seguinte: convém dizer às pessoas que o dinheiro que Portugal recebeu das

entidades financiadoras não vem todo da União Europeia, só uma parte, e a essa parte, sim, poderão aplicar-

se outras condições

Tenho visto cálculos demasiadamente simplistas, esses, sim, invocando ganhos que não consigo

matematicamente explicar, invocando vantagens que não consigo compreender. Sei que é muito simpático

fazer uma leitura na qual nós somos os autores de tudo o que é bom, enjeitando a responsabilidade por tudo o

que é mau. Por parte do PSD, nunca ouvirá nem o renegar de um legado que temos, nem o renegar das

responsabilidades de todas as medidas que estamos a adotar.

Pode também ter a certeza de uma coisa: fazemo-lo por um Portugal melhor, fazemo-lo para que se possa

evitar aquela situação em que os senhores nos obrigaram a estar.

Aplausos do PSD.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Srs. Deputados, o Sr. Deputado António Braga optou por responder

a grupos de duas questões, pelo que, de seguida, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Filipe Soares, do BE.

O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado António Braga, sabemos, ouvimos e não

nos enganamos sobre as palavras que nos são ditas nesta Assembleia.

Há oito dias atrás, estava aqui a ter lugar o debate do Orçamento que, se calhar, mais vai destruir quer a

economia, quer o rendimento das famílias, o Orçamento que, nas palavras que o Sr. Ministro das Finanças

utilizou, é «um enorme aumento de impostos». E no final do dia do debate desse Orçamento do «enorme

aumento de impostos» caía a notícia de que podiam mudar as condições daquela que é a maior fatia da nossa

despesa pública, que é a dívida que nós neste momento temos. A notícia era a de que poderíamos ter

melhores condições decorrentes daquelas que foram as condições aplicadas à Grécia.

Instado pela pressão que se criou no País, o próprio Ministro das Finanças disse aqui, para todos nós

ouvirmos, que, seguindo o princípio da igualdade, as mesmas condições que fossem aplicadas à Grécia

seriam aplicadas a Portugal.

Pelos vistos, a palavra do Ministro dura poucos dias, porque, sete dias depois, vai a Bruxelas e dá o dito

por não dito, faz um mortal à retaguarda e revê em baixa, numa versão franco/alemã, aquilo que tinha dito