I SÉRIE — NÚMERO 26
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O Sr. António Braga (PS): — Talvez entenda melhor a língua alemã do que a portuguesa, porque quando
vemos imagens dos encontros — que são mais encontros fortuitos do que propriamente encontros —
compreendemos, pelo assentimento, pelo gesto e pela inclinação de proximidade em relação ao governante
alemão que o Sr. Ministro de Estado e das Finanças percebe muito bem a língua alemã. Entendemos que isso
é bom, é útil — ao que parece, Portugal terá investido muito para que o Sr. Ministro perceba alemão —, mas o
que é importante é que este Governo e o Sr. Ministro têm um mandato dos portugueses, e não dos alemães,
para defender a situação de Portugal no seio da própria União Europeia.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António Braga (PS): — Sr. Deputado Honório Novo, também o acompanho na sua preocupação,
mas há que dar razão ao Partido Socialista ou, pelo menos, fazer a justiça de nos considerar consistentes nas
propostas que fazemos, quer no Parlamento, quer fora dele, relativamente à intervenção de Portugal na União
Europeia. E o que dizemos é justamente o contrário do que o Sr. Deputado enunciou. Quando pretendemos
alargar o prazo, pretendemos uma negociação, quando pretendemos reduzir o juro da dívida, também
pretendemos uma negociação. O que dizemos, ao contrário de outros, embora respeitemos a sua opinião
legítima, é que não é de renegociação da dívida que se trata, porque queremos e temos condições para
liquidar a dívida. Trata-se de encontrar as melhores condições para relançar o crescimento da economia
portuguesa e podermos honrar os compromissos que temos com os credores internacionais e também no seio
da própria União Europeia.
Por isso, agitar qualquer fantasia sobre o aumento da austeridade a propósito da renegociação de prazo e
de juros, está, a nosso ver, em desconformidade com aquilo que temos vindo a propor.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Raúl de
Almeida.
O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Deputadas, Srs. Deputados: Celebrou-se, no
início desta semana, o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
Como na semana passada foi dito, neste mesmo púlpito, por vários colegas, a propósito do dia dedicado ao
combate da violência contra as mulheres, a utilidade deste Dia Internacional deve ser apenas o sublinhado
formal de que, todos os dias, sem exceção, são dias das pessoas com deficiência.
O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, o dia 3 de dezembro, é uma data internacional
comemorativa, promovida pelas Nações Unidas desde 1998, com o objetivo de fomentar uma maior
compreensão dos assuntos relacionados com a deficiência, mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e do
bem-estar das pessoas e aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração das pessoas com
deficiência em cada aspeto da vida política, social, económica e cultural.
Em cada ano, o tema deste Dia é baseado no objetivo do exercício pleno dos direitos humanos e da
participação na sociedade, estabelecido pelo Programa Mundial de Ação relativo a Pessoas com Deficiência,
adotado pela Assembleia Geral da ONU, em 1982.
Em Portugal, o caminho de integração destes nossos semelhantes tem sido, a bem da verdade, um
caminho progressivo e sólido e podemos afirmar que, apesar de todos ambicionarmos sempre, e bem, mais
rapidez e eficácia, a matéria tem sido tratada com seriedade e empenho pelos diversos Governos da nossa
democracia. Esta é uma matéria humana, não política, e, como tal, deverá sempre, a cada momento, ser
assumida pelo Estado e pelos seus diferentes protagonistas.
Quererá isto dizer que tudo está feito?
Quererá isto dizer que podemos estar satisfeitos?
Quererá isto dizer que não há, ainda, muito caminho a percorrer?