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6 DE DEZEMBRO DE 2012

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Claro que há ainda muito, mesmo muito, por fazer. Claro que o nosso grau de exigência deve estar sempre

em alerta. Claro que todos temos obrigação de pensar, propor e agir, quanto ao próximo passo desta longa

caminhada.

Em primeiro lugar, importa deixar bem claro que integrar as pessoas com deficiência não é um dever

decorrente dos seus direitos específicos, é cumprir a Constituição, é agir em conformidade com os Direitos do

Homem.

Este passo leva-nos ao ponto fundamental da compreensão do que deve ser esta integração.

Há palavras difíceis, mas lembro-me — e muitos dos Srs. Deputados também se lembrarão — de ouvir

falar nos «inutilizados», nos «aleijados», nos «ceguinhos», nos «maluquinhos». Lembro-me de, tristemente, se

falar e tratar da deficiência como um problema, uma não conformidade social, a que se respondia com a

exclusão, o afastamento e, pior do que tudo, o estigma e a vergonha.

Sr.as

e Srs. Deputados, não foi há tanto tempo assim, como não foi há tanto tempo assim que seres

humanos foram oficialmente discriminados em razão da cor da sua pele ou da sua etnia.

O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É verdade!

O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Felizmente, nesta matéria, como noutras, de perceção e

relacionamento com o nosso semelhante, na sua diferença, o progresso tem sido notório.

Em poucos anos, chegamos à conclusão clara de que o primeiro combate a ser feito é o combate à

ignorância, a mãe de todos os preconceitos.

Em poucos anos, começamos a pensar, primeiro, que temos de cuidar destes nossos semelhantes e,

depois, que, aqui, a condescendência não tem lugar, porque o que realmente se passa é que temos de

garantir a todos o regular exercício dos seus direitos. Sr.as

e Srs. Deputados, não há, rigorosamente, nenhum

favor nisto!

Em poucos anos, o Estado foi interiorizando a necessidade de proporcionar a todos, sem exceção, o

regular exercício dos seus direitos. Urge, contudo, ainda, evoluir muito, e muito, na prática: na eliminação das

barreiras físicas e arquitetónicas, devendo o exemplo começar pelo Estado, nas áreas que gere, espaços e

edifícios públicos; no dever, que salientamos estar a ser reforçado e bem gerido, da atribuição das ajudas

técnicas aos que delas precisam, temporária ou definitivamente; na integração na escola, com meios humanos

e materiais, e sempre que este seja o melhor caminho, bem como no apoio às escolas de ensino especial, nos

casos em que melhor se adequa; na promoção de mais centros de atividades ocupacionais, estruturas

altamente deficitárias em Portugal e única resposta possível para tantos jovens e adultos; na promoção, como

vem acontecendo, e bem, de uma perspetiva de rede, de articulação de políticas para a sua maior eficácia; no

apoio, que acontece, deve ser continuado e, se possível, reforçado, aos centros de emprego protegido, como

meio de integração destas pessoas no mercado de trabalho, conduzindo à sua maior realização profissional e

pessoal; no apoio às empresas que contratam e integram estas pessoas, o que está a ser feito, e bem feito; no

reconhecimento público das empresas com melhor e mais responsabilidade social.

Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Raúl de Almeida (CDS-PP): — Falámos, até agora, do papel do Estado, mas não seria justo,

deixem-me que vos diga, se nos esquecêssemos de que esta é uma caminhada que tem sido liderada por um

enorme grupo de pioneiros. Em primeiro lugar, as próprias pessoas com deficiência, os seus familiares e os

seus amigos; os profissionais da intervenção social, da saúde, da educação, que dedicaram os seus talentos e

as suas competências a esta causa; as organizações, de que cito algumas, como a CNOD, as CERCI, as

APPACDM, a AAPD, a ACAPO, os Deficientes das Forças Armadas, a AAPDA, e tantos, tantos outros.

Por fim, uma menção destacada ao que deve ser o ponto de referência, no presente e no futuro, desta

caminhada conjunta.

Já todos percebemos que as pessoas com deficiência não são um encargo do Estado e das famílias. Estas

pessoas, aos mais diversos níveis e nas mais variadas circunstâncias, afirmam-se, por direito próprio, como

um sério e fortíssimo ativo social. Têm, como todos, muito a aprender e têm, como todos, muito a ensinar.

Têm o poder único de, muitas vezes, nos recentrarem no essencial e têm o poder de trazer a solidariedade