I SÉRIE — NÚMERO 26
44
Sr. Deputado, pergunto-lhe o que é que entende sobre esta matéria. Trata-se de uma medida concreta: há
um centro de reabilitação pronto a funcionar, que é fundamental para as pessoas com deficiência, e que não
abre por causa de uma opção política do Governo.
Sr. Deputado Raúl de Almeida, também as pessoas com deficiência têm muitas e boas razões para
derrotar esta política e este Governo e, infelizmente, não têm razões para estarem satisfeitas com as opções
políticas que têm governado, ou melhor, desgovernado, o nosso País.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia também para pedir
esclarecimentos.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Raúl de Almeida, quero também
saudar a temática que trouxe a debate na sua declaração política, sobre a qual gostaria de lhe colocar três
perguntas muito concretas.
A primeira pergunta prende-se com um projeto de lei que Os Verdes entregaram ontem na Assembleia da
República, que visa alterar o regime relativo à assistência a filhos, formando uma justiça que hoje
incompreensivelmente não existe na lei. Porquê? Porque a lei que estabelece a assistência a filhos, no caso
concreto com deficiência, determina a redução do horário semanal de trabalho em cinco horas, mas só até os
filhos perfazerem um ano de idade. Ora, isto não faz sentido absolutamente nenhum, Sr. Deputado, porque os
filhos não deixam de ter essa deficiência a partir de um ano de idade, continuam dependentes e a necessitar
dessa assistência. De resto, há até deficiências que se vêm a diagnosticar e a serem detetadas depois de um
ano de idade e, portanto, os pais não podem beneficiar desse regime. Ou seja, qual é o sentido de a lei
determinar hoje este limite de idade, remetendo depois essa assistência para aquela que é concedida a todos
os pais de filhos menores até aos 12 anos? Não tem nenhum sentido!
Sr. Deputado, aproveito a sua intervenção para apelar à maioria no sentido de aprovar este projeto de lei
de Os Verdes, que será a breve prazo agendado, de modo a que possamos reparar um aspeto da lei que não
faz sentido absolutamente nenhum.
A segunda questão tem a ver com as barreiras arquitetónicas, matéria que o Sr. Deputado aflorou na sua
intervenção e que, de facto, para as pessoas com mobilidade reduzida é extraordinariamente importante.
Há inúmeros serviços públicos em Portugal que não permitem o acesso fácil a estas pessoas,
designadamente em centros de saúde há coisas perfeitamente caóticas e incompreensíveis.
Todos os prazos previstos na lei sobre a eliminação das barreiras arquitetónicas estão já falhados. Todos!
E a culpa não é só deste Governo, é culpa de todos os Governos que, desde a introdução da lei, nada fizeram,
ou fizeram muito pouco, relativamente a essa matéria.
Gostava que o Sr. Deputado, uma vez que pertence à maioria parlamentar, me dissesse o seguinte: desde
o início até ao final da Legislatura, se o Governo lá chegar — cá por mim, espero que não, mas façamos de
conta que é assim! —, o que é que o Sr. Deputado vislumbra que se possa alterar ao nível prático em termos
da eliminação das barreiras arquitetónicas? Que passo é que será dado em quatro anos de Legislatura, por
aquilo que conhece da intervenção deste Governo na matéria?
Por último, relativamente aos atletas paralímpicos e à sua magnífica prestação, nós ficamos muito
satisfeitos com a sua prestação e fazemos muitas homenagens, mas gostava de perguntar muito
concretamente o seguinte: dessa nossa satisfação, e fundamentalmente da satisfação da maioria, o que é que
decorre em termos práticos e de apoio a estes atletas para um reforço da sua prática no desporto e para que
continuem sempre a dar mais pelo seu País, alegrando-nos a todos?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Ainda para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada
Idália Salvador Serrão.