7 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. Mota Andrade (PS): — Ora, o bónus de 15% é mais dinheiro para o poder local, é mais despesa. Mas, mais: ao agregarem freguesias estão a criar freguesias com mais de 10 000 eleitores, que podem ter
presidentes de junta a tempo inteiro,…
O Sr. António Prôa (PSD): — Acha mal?
O Sr. Mota Andrade (PS): — … em que também a despesa aumenta. Portanto, não há aqui nenhuma redução de custos! VV Ex.
as estão, pura e simplesmente, a concretizar uma
mudança em termos de organização do território que é, pura e simplesmente, de extinção de freguesias.
Mas, em relação à situação dos funcionários, ficámos agora a saber, Sr.ª Presidente, pela bancada do
PSD, que o Sr. Secretário de Estado não tem razão porque isso fará parte de uma próxima e breve
remodelação… É que o Sr. Secretário de Estado ontem afirmou que os trabalhadores da administração local,
com estas agregações, têm dois caminhos: ou serão colocados nas autarquias ou então, pura e simplesmente,
serão dispensados.
Por último, Sr. Deputado, tudo isto é uma grande trapalhada e tudo isto demonstra, sim, uma enorme falta
de respeito para com todos os portugueses.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O poder local democrático, ao longo dos últimos 36 anos, foi, inegavelmente, responsável por profundas transformações sociais e pela melhoria das condições
de vida das populações, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento local, regional e nacional e para a
superação de enormes carências existentes em Portugal. O País deve muito ao poder local!
O Governo PSD/CDS-PP não convive bem com esta realidade, tendo multiplicado, desde a sua tomada de
posse, as iniciativas legislativas destinadas a desvirtuar o poder local democrático, naquilo que pode ser
considerado um verdadeiro ajuste de contas com o 25 de Abril e uma das suas mais importantes conquistas.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Paulo Sá (PCP): — A lei da extinção de freguesias, assim como a lei que aprova o estatuto do pessoal dirigente da administração central, regional e local, a lei que aprova o regime jurídico da atividade
empresarial local, a lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso, o denominado programa de apoio à
economia local ou a proposta de lei que estabelece o regime jurídico das autarquias locais revelam bem o ódio
que este Governo e a maioria parlamentar que o suporta têm ao poder local democrático nascido com a
Revolução de Abril.
Apesar do profundo cinismo com que o Governo tenta dissimular as suas reais intenções relativamente ao
poder local democrático, são bem claros os seus objetivos: transformar as autarquias em meras dependências
do poder central, limitando drasticamente a sua autonomia; reduzir significativamente o número de eleitos,
lesando o caráter participado e democrático do poder local; extinguir freguesias, retirando expressão e força à
representação dos interesses locais, reduzindo a proximidade entre eleitos e cidadãos; transferir competências
municipais para as estruturas supramunicipais, com o objetivo claro de travar o processo de criação das
regiões administrativas; impor um regime de finanças locais, pondo em causa o princípio constitucional da
justa repartição entre a administração central e local; e, por fim — a cereja em cima do bolo —, ambição antiga
da direita, desfigurar o sistema eleitoral, colocando em causa as características plurais e democráticas do
poder local.
Esta sanha destruidora do poder local democrático tem contado e continuará a contar com a intransigente
oposição do PCP.
Só aceitamos uma reforma do poder local: aquela que aprofunde o seu caráter plural e democrático, que
permita e incentive um maior envolvimento e participação das populações, que respeite a sua autonomia, que