13 DE DEZEMBRO DE 2012
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A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, Srs. Jornalistas, está aberta a sessão.
Eram 15 horas e 7 minutos.
Os Srs. Agentes da autoridade podem abrir as galerias, por favor.
Antes de darmos início à ordem do dia, o Sr. Secretário vai proceder à leitura do expediente.
O Sr. Secretário (Duarte Pacheco): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, deram entrada na Mesa, e
foram admitidos pela Sr.ª Presidente, os projetos de resolução n.os
526/XII (2.ª) — Recomenda-se a aplicação
do sistema tarifário de resíduos baseado no instrumento económico Pay-as-you-throw (PAYT), tal como
sugestão da CE no recente estudo sobre prevenção e reciclagem de resíduos (PSD e CDS-PP), que baixa à
11.ª Comissão, 527/XII (2.ª) — Para que o Governo proceda ao pagamento das compensações por
caducidade dos contratos de professores (Os Verdes), que baixa à 8.ª Comissão, 528/XII (2.ª) — Recomenda
ao Governo que estude a possibilidade da inclusão da vacina pneumocócica no Plano Nacional de Vacinação
(CDS-PP), que baixa à 9.ª Comissão, 529/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo o pagamento das
compensações por caducidade de contrato devidas aos professores contratados (BE), que baixa à 8.ª
Comissão, e 530/XII (2.ª) — Recomenda ao Governo a impenhorabilidade de bens dos estudantes do ensino
superior por dívida decorrente do não pagamento de propinas (BE), que baixa à 8.ª Comissão.
É tudo, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, vamos dar início à ordem do dia, que, como todos sabem, consiste
em declarações políticas.
Inscreveram-se a Sr.ª Deputada Ana Drago, pelo BE, e o Sr. Deputado Jorge Lacão, pelo PS.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Deste Governo já vimos quase tudo:
vendas apressadas de distribuição e produção de eletricidade ao mesmo dono; um monopólio de duas rendas
garantidas; ameaçaram com uma concessão que entregava a rádio e a televisão pública sem qualquer risco,
um escândalo a que o Governo respondeu, é certo, com alguma criatividade, propondo agora entregar o
controlo total por apenas meia venda. Mais uma renda.
Mas nenhum destes processos está à altura do que aqui nos traz hoje: a entrega de duas empresas
estratégicas, a ANA e a TAP, duas empresas de bandeira, que o Governo prometeu entregar fosse de que
forma fosse, fosse a quem fosse, quebrando todas as regras do mercado que pretendem proteger, garantindo
negócios de alguns para alguns à custa de todos os portugueses.
Os processos de venda da TAP e da ANA são um caso de estudo do que pode correr mal nas
privatizações: falta de transparência; estudos duvidosos; processo tortuoso desde o início; pressa de vender a
qualquer preço, mesmo quando os valores do mercado aconselhavam prudência; interesses estratégicos do
País deixados para trás. Tudo o que podia correr mal está a correr pior. É este o resumo deste processo.
Os episódios que compõem o processo guiado pelo Governo nesta história davam, na verdade, o seguinte
manual: «Como fazer truques orçamentais e negócios ruinosos para o interesse público em meia dúzia de
lições». Autoria: Pedro Passos Coelho, Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira.
Para arranjar um truque contabilístico que permitisse disfarçar o monumental buraco orçamental que os
Ministros Vítor Gaspar e Álvaro Santos Pereira cavaram ativamente com a recessão económica ao longo do
ano, o Governo inventou um contrato de concessão das estruturas aeroportuárias para vender à ANA —
empresa que detém as estruturas —, concessão essa que virá depois a ser adquirida por quem vier comprar a
ANA no processo de privatização. Ou seja, a ANA compra a concessão das suas próprias estruturas para,
depois, as vender a quem comprar a ANA. Parece complexo, mas não é. É um mero expediente artificial que
permite encaixar, ainda este ano, os milhões de que o Ministro Vítor Gaspar precisa para maquilhar a sua
própria incompetência e o monumental falhanço no cumprimento das metas do défice orçamental que ele
mesmo definiu. A venda da ANA é, portanto, a cábula de um aluno mal comportado para melhorar a sua nota
do défice orçamental.