13 DE DEZEMBRO DE 2012
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Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Ana Drago, inscreveram-se, para pedir esclarecimentos, os Srs.
Deputados Rui Paulo Figueiredo, do PS, Bruno Dias, do PCP, e Paulo Batista Santos, do PSD.
A Sr.ª Deputada informa que pretende responder um a um.
Tem a palavra o Sr. Deputado Rui Paulo Figueiredo.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Sr.ª Presidente, Caras e Caros Colegas, em primeiro lugar,
cumprimento a Sr.ª Deputada Ana Drago pelo tema que aqui nos trouxe.
O tema das privatizações também tem sido central na agenda política do Partido Socialista. Ainda hoje de
manhã, tivemos oportunidade de, finalmente, ver aprovado pela maioria, com o voto de todos os partidos, um
conjunto de audições a propósito desta matéria. Depois de reiterados chumbos, finalmente, face ao clamor da
opinião pública, à falta de transparência destes processos e à trapalhada de que eles se têm revestido, a
maioria concordou que a Assembleia da República possa aprofundar esta temática e fiscalizar o que está em
cima da mesa.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — O Partido Socialista tem-se batido intransigentemente pela defesa
dos interesses estratégicos nacionais.
Colocámos este tema na Lei Quadro das Privatizações e continuamos à espera que ele seja
regulamentado.
É por esta ausência de definição e densificação clara dos interesses estratégicos nacionais que
entendemos — e não nos cansaremos de continuar a defender esta posição — que este processo de
privatizações e de concessões deve ser imediatamente suspenso. Aquilo a que temos assistido é a um
Governo a correr a toda a força para tentar disfarçar os maus resultados no Orçamento, na dívida, os
falhanços do Ministro das Finanças.
Temos tido — e penso que a Sr. Deputada concordará comigo — um processo marcado pela falta de
transparência.
Há falta de transparência quando, como a Sr.ª Deputada muito bem referiu, os cadernos de encargos são
aprovados ao mesmo tempo (ou com poucos dias de intervalo) que se definem os potenciais vencedores.
Há falta de transparência e de rigor quando se definem as short list de candidatos, alguns são excluídos e,
depois, reentram nas fases subsequentes do processo e até a liderar alguns consórcios.
Quanto às regras, também há falta rigor quando vão mudando e são concertadas com os parceiros
privados. Negociações diretas, ajustes diretos, negociações particulares não são aspetos que mereçam a
aprovação do Partido Socialista e, penso, da maioria dos portugueses.
Aquilo que gostávamos era que estes processos fossem suspensos, reapreciados e que tivéssemos
verdadeiros concursos públicos internacionais, com regras claras, transparentes, rigorosas, com adequada
fiscalização e acompanhamento.
Sr.ª Presidente, Caras e Caros Deputados, não queremos mais exemplos como o da Cimpor. Tivemos
muitas e muitas promessas e o que temos é uma grande empresa portuguesa a ser completamente
desmantelada e com a declaração do Professor António Borges, que fica para a história, que dizia que
Portugal não tinha dimensão para ter uma empresa como a Cimpor.
A Sr.ª Presidente: — Queira terminar, Sr. Deputado.
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — Termino colocando a seguinte questão à Sr.ª Deputada Ana Drago:
com esta trapalhada do Governo, com esta falta de transparência, não acha que corremos riscos de
transformar a TAP e a ANA e outras empresas em novas Cimpor?
Aplausos do PS.