13 DE DEZEMBRO DE 2012
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atribuída à ANA — Aeroportos de Portugal, é por 50 anos com a possibilidade da sua extensão para mais
tempo, no caso da construção do novo aeroporto.
Se pensarmos que só nos últimos 10 anos a ANA suportou 1277 milhões de euros de investimento público
nos aeroportos nacionais e se pensarmos nas implicações para o desenvolvimento turístico de uma errada
política de taxas, ficam por demais evidenciados os riscos e as verbas envolvidos nesta concessão.
Temos assistido, quer em relação à ANA — Aeroportos de Portugal, quer em relação à TAP, a uma
tentativa de políticas de factos consumados em que procuram apontar como inevitável que, primeiro,
tenhamos que vender os «anéis», depois tenhamos que vender os «dedos», depois vendemos os «braços» e
a seguir vendemos as «próteses»…! Nós dizemos que não é inevitável esse caminho. Esse é o caminho da
desgraça, da destruição, é o caminho do definhamento e do afundamento do País.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Assistimos, nos últimos tempos, a uma impressionante campanha de charme
de um senhor empresário, que é boliviano, que é brasileiro, que é colombiano e que é polaco — mais
recentemente é polaco. São campanhas semelhantes àquelas que tivemos há anos e que apresentavam um
futuro radioso da TAP na Swissair ou àquelas que tivemos há pouco tempo e que apresentavam um futuro
radioso da British Airways na Ibéria. E bem sabemos os resultados dessas opções!
Ora, aquilo o Grupo Parlamentar do PCP trouxe a esta Assembleia, bem recentemente, foi a oportunidade
de ser travado este processo ruinoso para o País, para as nossas comunidades no estrangeiro, para as
nossas regiões autónomas, para a nossa economia nacional em relação a estes setores e empresas
estratégicas para o nosso futuro.
Continuando a acreditar que é possível, que é necessário e que é urgente travar este processo, mais do
que discutir se é melhor assim, se é mais além ou se é mais aqui, como o PS quer, porque, no essencial, está
de acordo com a maioria sobre a privatização, embora discorde dos seus métodos, aquilo que nós queremos
aqui trazer, enquanto pergunta, à Sr.ª Deputada é se considera ou não, tal como nós consideramos, que há
cada vez mais razões para combater e travar as privatizações, se concorda connosco que há razões, que há
urgência e que há condições para travar este combate, porque esta política há de ser derrotada pela
população e pelos trabalhadores.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Drago.
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Bruno Dias, há um momento em que olhamos
para a atuação do Governo, com quase dois anos de governação, e há uma estranheza: olhamos para os
diferentes ministros, secretários de Estado, olhamos para os diferentes negócios que foram feitos, e
entendemos que não temos um Governo, temos, isso sim, mais ou menos uma comissão liquidatária. Olham
para qualquer ativo que exista no Estado português, para qualquer ativo que tenha feito investimento, que
tenha sido pago pelo dinheiro dos contribuintes, e conseguem fazer negócios absolutamente extraordinários
em tempo recorde.
De facto, eu creio mesmo que há hoje uma injustiça no panorama internacional. Falava-se dos «negócios
da China». Não, não são os negócios da China; são os negócios de Portugal, é aqui que eles acontecem.
Veja o caso do BPN, esse extraordinário negócio: os portugueses meteram mais de 5000 milhões — já
nem sei muito bem quanto dinheiro dos contribuintes foi aí metido!? — e o Governo português conseguiu
vender a um grupo liderado por um ex-ministro de um Governo do PSD por menos de 1% do dinheiro que lá
foi metido pelos contribuintes!…
Achávamos nós que isto era irrepetível, que não era possível gerir tão mal a coisa pública e, enfim, não ter
alguma vergonha na cara. Mas não! Aparece o negócio da TAP que é, de facto, um negócio absolutamente
extraordinário. Há este agradecimento que é feito a este empresário multinacional pelo passaporte,
supostamente amortiza a dívida da TAP, mas nunca se fala desta coisa extraordinária: é que fica com o ativo,
fica com as rotas da TAP, fica com a sua potencialidade, fica com a sua credibilidade no espaço internacional