20 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
Secretárias de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
Discutimos, hoje, a proposta de lei n.º 106/XII (2.ª), que visa autorizar o Governo a aprovar os princípios e
regras gerais aplicáveis ao setor público empresarial.
Pretende o Governo promover uma reforma profunda neste setor, com a definição de regras que
disciplinem a criação, constituição e funcionamento de todas as entidades que integram o setor empresarial,
na sua globalidade (local, também).
O que aqui está em causa é também a introdução de mecanismos de controlo do endividamento — como
já aqui foi referenciado, e bem —, evitando, assim, situações que possam criar mais divida, com uma
contribuição negativa para as contas do setor público.
Não é mais possível que se estabeleça qualquer relação entre políticas de bom investimento público e
políticas de endividamento público insustentável, como tivemos no passado recente.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Muito bem!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — As políticas de endividamento público levaram-nos ao recurso à ajuda
internacional, sem a qual não teríamos forma de financiar, hoje, a economia portuguesa.
Já não estamos a falar de questões ideológicas, Srs. Deputados. Estamos a falar de possibilidade e
impossibilidade.
Protestos do Deputado do PCP Miguel Tiago.
O rigor no controlo das necessidades de financiamento das empresas e o acompanhamento exigente do
exercício da atividade empresarial pública levará o Governo a criar uma estrutura especializada que se
chamará «Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial», que dará
suporte técnico adequado com dependência do Ministério das Finanças.
Esta é uma solução consistente que dará um enorme contributo para a monitorização das boas práticas de
governação e o necessário apoio para o equilíbrio económico e financeiro que se pretende para este setor.
O que está aqui em causa é a necessidade de garantir a sustentabilidade das empresas que prestam
serviço público, exercendo o Governo uma ação ativa em termos de controlo e acompanhamento da gestão
dessas empresas.
Mas, por falarmos em sustentabilidade — que é uma palavra, hoje, muito falada aqui, e permanentemente
falada neste Parlamento e no País —, quero dar-vos só uma ideia, muito clara, que está hoje nos números do
Banco de Portugal (e que podem consultar): entre 31 de dezembro de 2007 e 31 de dezembro de 2012, o
endividamento do setor empresarial do Estado cresceu 59%. Cresceu, de 29 000 milhões de euros para 46
100 milhões de euros!
Esta é uma matéria sobre a qual temos de refletir, e bem — todos nós nesta Câmara e no País!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Exatamente!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — É bem verdade que, quando a discussão sobre a necessidade de
reformar e melhorar o papel do Estado se faz no plano dos princípios ou numa ideia geral, centrada numa
discussão mais teórica, todos estão de acordo e aplaudem a urgência dessas reformas. Tudo fica bem
diferente, quando se assume a responsabilidade por implementar reformas.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — É isto a reforma?!
O Sr. Afonso Oliveira (PSD): — Também estou a falar para si, Sr. Deputado Pedro Marques! Estamos a
falar genericamente, como sabe. O Sr. Deputado sabe disso!
Aí, surgem os que tudo criticam com uma atitude conservadora, não percebendo ou não querendo
perceber os processos de mudança, que a realidade nos impõe. Ainda temos os que deveriam assumir uma