20 DE DEZEMBRO DE 2012
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que se vive, quando falamos do estado da intervenção do Estado. É isto, em matéria legislativa: uma manta de
retalhos, alterações atrás de alterações, e ninguém se entende, numa confusão legislativa total e numa
confusão de iniciativa e daquilo que se quer ou não quer que seja o papel do Estado, que é absolutamente
total e dramática.
Depois, este excessivo reforço do papel do Ministério das Finanças, que, entendemos, vai constituir um
verdadeiro travão no desempenho da atividade destas empresas e que é algo que, compreendendo nós a
necessidade da monitorização e do acompanhamento em matéria financeira, deve ser devidamente trabalhado
de forma que não seja o motivo de bloqueio total e absoluto.
Uma última nota em relação às medidas específicas, embora haja muitas outras propostas que, com
certeza, faremos chegar, na expetativa de uma abertura à melhoria da proposta de decreto-lei. Esta nota
prende-se com os trabalhadores destas empresas. Mantêm-se no regime de contrato individual de trabalho
mas, por outro lado, esse contrato é derrogado, nomeadamente naquilo que tem a ver com os instrumentos de
contratação coletiva.
Ó Sr.ª Secretária de Estado, derrogar instrumentos de contratação coletiva?! Isto é algo a que, em
Portugal, não tínhamos assistido até agora com esta violência, Sr.ª Secretária de Estado!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Já vimos muito pior!
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Por conseguinte, é algo que devemos aqui atalhar no que concerne ao
caminho que queremos fazer em relação à contratação coletiva, quando temos ouvido tantos responsáveis por
esta área falarem de contratação coletiva e do impulso à contratação coletiva, do estímulo à contratação
coletiva, e temos, agora, aqui uma profunda contradição. Penso que é necessária uma melhor reflexão sobre
esta matéria.
Por fim, terminando e recentrando o debate naquilo que realmente é urgente nesta área do setor público
empresarial, volto a questioná-la, Sr.ª Secretária de Estado — deixando-lhe, penso que, pelo menos, 2
minutos, para me poder responder especificamente a estas questões —, sobre o seguinte: em primeiro lugar,
para quando o estabelecimento do regime extraordinário de salvaguarda do interesse público?
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Quando é que tem agenda?
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — Em segundo lugar, pergunto-lhe: quando poderá comparecer na Comissão
de Orçamento, Finanças e Administração Pública? E, não podendo estar nela presente em prazo razoável,
peço que nos esclareça se o Governo vai ou não suspender o processo de privatização da TAP e da ANA.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Suspendia o País!
A Sr.ª Isabel Santos (PS): — E, se este processo não for suspenso, pergunto-lhe se é verdade que o
negócio (e sublinho a palavra «negócio») se concretiza amanhã.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Vera Rodrigues.
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as
Secretárias de Estado, Srs. Deputados: Dados
recentes apontam para que haja em Portugal cerca de 13 700 entidades públicas, incluindo 356 institutos, 639
fundações e 343 empresas.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — O problema é esse!
A Sr.ª Vera Rodrigues (CDS-PP): — Estamos a falar, maioritariamente, do «Estado paralelo», o qual tem
vindo a ser responsável pelo engrossar dos tentáculos do sector público e, em demasiados casos, por