21 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. Adriano Rafael Moreira (PSD): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Temos hoje em debate
dois projetos de lei que visam alterar a Lei das Comunicações Eletrónicas.
Trata-se de uma das áreas mais dinâmicas da vida económica e que obrigam a mais alterações e a maior
acompanhamento legislativo.
Esta Lei já sofreu sete alterações e estamos hoje aqui a debater propostas para uma oitava alteração — a
sétima ocorreu na semana passada, quando concluímos o processo de alteração da proposta de lei n.º 98/XII
(2.ª) —, o que prova que esta é uma realidade dinâmica que exige muita atenção.
Com efeito, desde que, em 2011, se fez a transposição das últimas diretivas comunitárias, tem havido a
oportunidade de o Parlamento acompanhar, ao pormenor, a evolução e a execução desta Lei. Ora, durante o
ano, surgiram várias questões, foram várias as entidades ouvidas em audição e, além desta questão
importante que hoje nos é trazida, da taxa municipal de direitos de passagem, existem outras questões que
merecem a nossa atenção.
Foi assim que, esta semana, a Comissão de Economia e Obras Públicas aprovou, por unanimidade, uma
audição da entidade reguladora, a ANACOM, para que se revisite esta Lei de 2004 e se faça a atualização de
uma série das suas componentes que, ao longo dos tempos, se foram desatualizando ou suscitaram
problemas de aplicação.
Este é um dos casos. De facto, temos consciência de que têm havido problemas tanto para alguns
municípios como para os operadores, mas principalmente para o cidadão que, em alguns municípios, tem tido
o ónus do pagamento, mas que, noutros municípios, não tem, havendo, portanto, aqui alguma discrepância no
que diz respeito aos consumidores de comunicações.
Há, pois, que acautelar todas estas situações. Ora, a nossa proposta, que, penso, será acolhida por todos,
é que, na sequência dessa audição (já aprovada, por unanimidade, na última reunião da Comissão de
Economia), se avance com um processo de análise global da Lei, se apresentem as várias propostas de
alteração e se faça, aí sim, a oitava alteração a esta Lei, tudo de modo a conseguir uma maior durabilidade
desta Lei, evitando a sequência de alterações até agora ocorridas.
Assim sendo, queremos dizer aos proponentes, ao PCP e ao BE, que reconhecemos a importância do
assunto que nos trazem, reconhecemos que o mesmo deve ser analisado, aceitamos o repto e lançamos o
desafio para que esse debate seja alargado e para que, na sequência dessa audição e de outras que se
entenda oportunas (e, no caso em apreço, penso que poderá ser da Associação Nacional de Municípios
Portugueses), venham a ser aqui apresentadas propostas que reúnam o máximo consenso.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Duarte Cordeiro.
O Sr. Duarte Cordeiro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O Partido Socialista entende
oportunas as propostas do Partido Comunista Português e do Bloco de Esquerda e concorda com a proposta
agora avançada pelo Partido Social Democrata, pela voz do Sr. Deputado Adriano Rafael Moreira.
Esta taxa, objeto de discussão, foi criada pela Lei das Comunicações Eletrónicas. Na altura, o objetivo era
compensar os municípios pelos direitos de passagem ou de atravessamento de sistemas e equipamentos das
empresas que oferecem redes e serviços de comunicações eletrónicas em local fixo, e foi permitido que essa
taxa fosse aplicada diretamente aos clientes finais.
Como aqui já foi referido, a taxa não tem sido eficiente, não tem sido aplicada em todos os municípios. Por
outro lado, a sua aplicação também tem suscitado problemas, pelo que a Associação Nacional de Municípios
Portugueses reconhece que também existem problemas nessa matéria. O Partido Socialista entende que faz
sentido rever a forma como a taxa é aplicada e que poderão fazer sentido as propostas apresentadas, pelo
que se disponibiliza para o debate, na especialidade.
Podemos verificar que foram suscitadas preocupações pelo Provedor de Justiça e pela Associação
Nacional de Municípios Portugueses. Mas também existe outra preocupação que, não aparecendo em
nenhuma dessas comunicações, é uma preocupação do Partido Socialista, que é a de evitar que as empresas
às quais vai ser cobrada a taxa repercutam no consumidor final, nomeadamente no preço, um valor superior
àquele que era o cobrado pela taxa. Ora, isso implica, designadamente da parte do regulador, uma