I SÉRIE — NÚMERO 39
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A Sr.ª Odete João (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Rita Rato, agradeço a sua questão.
Falei de resultados alcançados em educação, falei de políticas educativas passadas e presentes e falei de
futuro. A Sr.ª Deputada Rita Rato não olhou para aquilo que este Governo de maioria de direita fez, preferiu
adotar o mesmo discurso que proferia antes: o discurso contra o Partido Socialista.
É bom lembrar que os resultados alcançados em educação foram fruto das políticas do Partido Socialista.
O Partido Socialista acredita e defende um Estado social forte, uma ação social forte, que responda aos
alunos em qualquer nível e patamar de ensino e que crie no sistema de ensino igualdade de oportunidades. É
isso que o PS defende em toda a linha.
Não acreditamos que seja pelo caminho do despedimento dos professores mais antigos, mais qualificados
e mais capazes que se garantem, por um lado, os bons resultados que foram conseguidos anteriormente e
que se preserve, por outro, a qualidade do sistema de ensino e da escola pública.
Acreditamos, pois, Sr.ª Deputada Rita Rato, que é com a qualidade dos nossos profissionais e das políticas
educativas que garantimos uma escola pública de qualidade.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Michael Seufert para pedir esclarecimentos.
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Odete João, é extraordinário que, na
segunda ou terceira frase da declaração política que fez, se tenha defendido citando o estudo PISA, de 2009.
Trata-se de um estudo que se tornou infame neste País, porque o seu Governo disse que os alunos mais
necessitados, os alunos que mais dificuldades tinham e com piores notas teriam de ficar em casa, que nesse
dia não deveriam aparecer na escola, como foi público e neste Parlamento várias vezes denunciado, Sr.ª
Deputada.
A Sr.ª Odete João (PS): — Não diga disparates!
O Sr. Michael Seufert (CDS-PP): — Defender-se o estudo PISA, de 2009, e ver uma responsável política
citar esse estudo neste Parlamento para dizer que ele é a prova de que nem tudo está mal em Portugal é bater
no fundo no que respeita às políticas de educação deste País.
Ao mesmo tempo, como é evidente, o Partido Socialista continua a defender o programa Novas
Oportunidades, programa que tem as suas virtudes mas que apresenta várias dificuldades, as quais foram
apontadas por partidos da maioria, na campanha eleitoral. A Sr.ª Deputada continua a insistir em confundir
«certificar» com «qualificar».
É ou não verdade que os processos individuais dos alunos que acederam aos Centros Novas
Oportunidades (1 milhão, 500 000, não sabemos bem…) não estão em lado nenhum — nem no Ministério da
Educação, nem no Instituto de Emprego e Formação Profissional —, estão nas mãos dos próprios estudantes?
Estes alunos dirigir-se-ão, com esses certificados, onde e quando quiserem que nós não sabemos. Aliás
continuamos a não saber qual a putativa qualidade e sempre denunciámos que fomos muito lestos a certificar.
Subimos, evidentemente, nas estatísticas — era fácil fazê-lo assim, como a Sr.ª Deputada convirá! —, mas
não qualificámos.
Por isso, a reforma que este Governo encetou, defendida, volto a dizê-lo, pelos dois partidos da maioria na
campanha eleitoral, é tão importante para que não voltemos a ter uma geração de certificados num sistema
que não tínhamos maneira de avaliar a sua qualidade e relativamente ao qual, hoje, nos dizem e com razão:
«onde é que está o meu emprego?», «onde é que está a melhoria da minha qualidade de vida?», «onde é que
está a melhoria das minhas oportunidades?», «onde é que estão as Novas Oportunidades?», que foi um
programa de novas facilidades, tão típicas de quem esconde com a estatística aquilo que está por trás.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!