I SÉRIE — NÚMERO 39
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Aplausos do PS.
Mas, Sr.as
e Srs. Deputados, estes resultados mostram, também, como o preconceito ideológico tem sido o
verdadeiro sustentáculo da política de Nuno Crato e demonstram que este Governo está apostado, isso sim,
em destruir as respostas educativas de uma escola pública de qualidade que o Partido Socialista sempre
valorizou e promoveu.
Infelizmente, muitas das medidas implementadas pelos Governos do PS, que contribuíram para os
resultados agora divulgados, já foram desmanteladas ou reduzidas por esta maioria. É disso exemplo o Plano
de Ação para a Matemática, o Plano Nacional de Leitura, o Plano Tecnológico para a Educação ou, mesmo, a
desastrosa política que conduziu à extinção do programa Novas Oportunidades ou a recente extinção da
Fundação para a Computação Científica Nacional. Uma verdadeira atrocidade!
Ex.ma
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As avaliações internacionais dos estudos atrás citados —
TIMSS, PIRLS e PISA — demonstram tudo o que este Governo se esforçou por negar: o sucesso das políticas
educativas executadas pelos Governos socialistas.
Aplausos do PS.
Contudo, a maioria PSD/CDS preferiu aplicar de rompante e com escassa reflexão um vasto conjunto de
alterações legislativas cujo impacto na vida das escolas e das famílias tem sido devastador, fazendo tábua
rasa do muito que de bom se fez no passado.
As opções tomadas por este Governo na reorganização da estrutura curricular com a separação das
disciplinas essenciais e das não essenciais, (agora tão elogiada pelo FMI, note-se), significam o regresso à
velha escola e objetivam em todas as dimensões a separação entre o saber e o saber-fazer com evidente
prejuízo para o desenvolvimento integral dos alunos e também da igualdade de oportunidades.
A obsessão pelos exames e a sua aplicação no 4.º ano de escolaridade, instituídos em nome de uma
pretensa qualidade e exigência, mas com claro objetivo de seleção social, visam a criação de uma escola
seletiva e segregadora e vão contra todos os estudos internacionais. Mas esta opção é agora complementada
pelo ensino vocacional, restritivo e condicionador das opções dos alunos no seu percurso escolar.
A par deste processo, muitos professores foram despedidos, para além dos que ficaram nas escolas sem
componente letiva. Estes docentes constituem os tais 10% constantes do relatório do FMI, mas os cortes
adicionais previstos para 2013 e 2014 representam uma verdadeira catástrofe social. Os professores mais
velhos, os mais qualificados, os mais experientes são agora um estorvo para este Governo e para a troica!
Aplausos do PS.
Os professores são colocados compulsivamente em mobilidade, que mais não é do que a antecâmara do
despedimento. Que diz, agora, Nuno Crato quando nos falava que todos os professores eram imprescindíveis?
O que diz ele, agora?
O financiamento das escolas públicas e das escolas com contrato de associação foi já objeto de vários
estudos. O estudo encomendado pelo atual Ministro e liderado por Pedro Roseta revela o erro que este
Governo cometeu ao aumentar o financiamento de uma turma do ensino básico do privado para 85 000 €,
quando esse mesmo estudo que, em média, o custo numa escola pública é de, aproximadamente, 70 000 €.
E, não obstante estes resultados, vem agora o FMI, no seu relatório sobre Portugal, apontar a privatização do
ensino para a redução de custos.
Estamos, Sr.as
e Srs. Deputados, perante um ataque sem precedentes ao Estado social que, em matéria de
educação, tem um único propósito: justificar as opções de direita deste Governo e a destruição da escola
pública.
Para isso, num relatório que contou com a chancela deste Governo, apontam para o despedimento de mais
de 14 000 professores e funcionários, para a colocação de 50 000 professores em mobilidade, para o aumento
do número de horas de trabalho, para a redução dos salários e para o aumento das propinas, no caso do
ensino superior.