11 DE JANEIRO DE 2013
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É criminosa, porque destrói o País. É uma mistura explosiva de fanatismo e irresponsabilidade. Desde que
estão no Governo, a dívida pública aumentou 25 000 milhões de euros e os salários recuaram mais de uma
década. São mais de 1 milhão de pessoas sem emprego, mais de meio milhão sem qualquer apoio social. São
trabalhadores e trabalhadoras que não conseguem pagar a casa, a luz, a comida. Esta maioria não descansa
enquanto o povo não estiver todo condenado à esmola da caridade.
E é uma maioria cobarde. Porque sabe que as suas ideias, o seu projeto não é aceite pelos cidadãos e
pelas cidadãs deste país. Escondeu o projeto nas eleições, arrumou na gaveta a revisão constitucional e tenta
agora realizar a destruição do Estado e do contrato social que sempre quis fazer, escondendo-se atrás das
entidades internacionais. É a troica, — a cada avaliação da troica, lá estão os pretextos para mais um ataque
—, é agora uma das partes da troica, o FMI.
O Governo encomendou ao FMI um estudo que dissesse o que quer fazer. Escolheu a entidade
internacional perita na destruição das funções sociais do Estado, encomendou a uns funcionários um relatório
e lá foram todos dizer ao que vêm. Quem encomendou foi o Governo em peso: PSD e CDS. Está no
documento, na sua página 5, que as propostas tiveram o contributo de todos os ministros do Governo: Vítor
Gaspar, Paulo Portas, Aguiar-Branco, Miguel Macedo, Teixeira da Cruz, Álvaro Santos Pereira, Assunção
Cristas, Paulo Macedo, Nuno Crato, Pedro Mota Soares.
Carlos Moedas diz que o estudo é bem feito…
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem feito!…
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — … e esfrega as mãos de contente quando ouve Bruxelas elogiar tão
importante contributo.
Este estudo é o vosso projeto para o País, é o projeto da maioria: cortar ainda mais nas pensões; aumentar
as taxas moderadoras na saúde, até que seja mais barato ir à urgência de um hospital privado do que de um
público; aumentar horários de trabalho; cortar salários; aumentar propinas no ensino (são já as mais altas da
Europa); despedir aos milhares; aumentar a idade da reforma; cortar o subsídio de desemprego.
Sejamos claros: nada destas medidas tem a ver com o crescimento da economia. Apenas uma e só uma
realidade interessa: aproveitar a crise para aniquilar o Estado social, conduzir à mais brutal desregulação do
mercado laboral e baixar ainda mais os salários para nos empobrecer a todos.
Não há já quem acredite na farsa das minimizações do CDS ou do «não queremos, mas tem de ser» do
PSD.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Este é o projeto da maioria e de cada vez que apresenta um recuo, face a
um cenário de desastre, têm apenas um objetivo: justificar mais um passo em direção ao precipício. E de
chantagem em chantagem, o Governo faz a guerra ao País.
Esta maioria já impôs à população portuguesa a maior carga fiscal da Europa e o Estado com menor
capacidade de resposta às necessidades das pessoas: impostos, sim, mas para entregar à finança. Podemos
pagar mais em juros do que em saúde. Podemos entregar à banca, desresponsabilizando os seus acionistas
privados, mais do que investimos em educação. Isto, para o Governo, faz todo o sentido. Mas educação,
saúde, proteção social são luxos que não podemos ter.
Este Governo sonha com o País de 1972: analfabetismo, mortalidade infantil ao nível do terceiro mundo,
fome, medo e respeitinho. É um Governo tão podre e tão descredibilizado como as ideias que defende.
Vejam o que o País diz do vosso projeto: centrais sindicais acusam a subversão do regime democrático;
forças de segurança dizem que o programa é uma afronta e é ridículo; confederações patronais não aguentam
mais contração do mercado interno e afirmam que são cortes impossíveis; professores avisam para o desastre
total; médicos recusam um sistema que deixará milhões de cidadãos e cidadãs sem acesso à saúde. Não há
avaliação da troica que vos valha.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Muito bem!