24 DE JANEIRO DE 2013
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É evidente que estamos preocupados com a situação do desemprego, estamos preocupados com as
dificuldades. Esperemos que as notícias que hoje recebemos vão permitir voltar aos mercados, vão permitir às
empresas portuguesas financiar-se, vão permitir a retoma económica e a criação de emprego.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É já a seguir!…
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Helena Pinto.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Ao ouvir o Sr. Deputado Nuno Serra,
do PSD, e o Sr. Deputado Artur Rêgo, do CDS-PP, parece que estamos numa situação que não é bem real,
parece que estamos noutro país, parece que não queremos olhar para a realidade que está lá fora.
O Sr. Deputado Nuno Serra disse que hoje é um dia muito importante para Portugal e que era preciso
consensualizar opinião. Lamento profundamente que o PSD, sendo o maior partido que suporta o Governo,
não consiga, para esse consensualizar de opinião, falar aqui, na Assembleia da República, sobre um — só um
— dos grandes problemas que os portugueses e as portuguesas atravessam.
É que passar por esta oportunidade de debate sem falar do desemprego, sem falar do aumento
escandaloso das rendas de casa, sem falar dos idosos que se sentem ameaçados porque podem ser postos
na rua, sem falar do aumento dos transportes, sem falar dos jovens que não têm emprego, como se
ignorassem tudo isso, e dizendo simplesmente «regressámos aos mercados» (e a ver vamos…), como se isso
fosse a solução para todos os males do nosso País, assim, não é possível consensualizar opinião!
O que importa não é tanto se o discurso é de esquerda ou não (como dizia o Sr. Deputado Miguel Freitas),
é, sim, fazer o discurso daqueles que precisam, dos que estão a sofrer neste momento. E o que se exige são
medidas concretas sobre essas matérias.
Sei bem, Srs. Deputados, que já se tornou muito difícil justificar todas as ações e todas as medidas do
Governo. Sei bem, Srs. Deputados das bancadas do PSD e do CDS, que isto não vai lá com projetos de
resolução, sei-o muito bem.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Fale de números! Deixe a retórica!
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Por isso mesmo, Srs. Deputados, cresce cada dia, lá fora, na sociedade
portuguesa, aquilo que se vai tornar uma necessidade inadiável: o Governo tem de sair! E tem de haver
eleições para dar a palavra ao povo!
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Isso vai tornar-se absolutamente inevitável. E a vossa política, a que têm seguido, tem o seu lugar
destinado, que é, infelizmente, o caixote do lixo da história.
Aplausos do BE.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — É só discurso!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem a palavra, para uma segunda intervenção, o Sr. Deputado
Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Os Srs. Deputados do PSD e do CDS
continuam a repetir, à exaustão, que o País está no rumo certo e «enchem a boca» com o sucesso dos
programas de ajustamento. E falam até de liberdade para os portugueses poderem crescer economicamente.
Mas qual liberdade, Srs. Deputados?! Mas quais portugueses?! De quem é que os senhores estão a falar?
Em quem é que os senhores estão a pensar quando falam de crescer economicamente? Estão a falar das